Livro - Quadribol Através dos Séculos
A evolução da vassoura voadora
Nenhum feitiço inventado até hoje permite aos bruxos voarem apenas com os recursos de sua forma humana. Os poucos animagos que se transformam em animais alados podem voar, mas são raros. A bruxa ou o bruxo que se ver transformado em um morcego pode levantar vôo, mas, possuindo um cérebro de morcego, com certeza vai esquecer aonde queria ir no momento em que deixar o chão. A levitação é uma pratica comum, mas nossos antepassados não se contentaram a planar a um metro e meio do chão. Quiseram mais. Quiseram voar como pássaros, mas sem a inconveniência de Ter o corpo coberto por penas.
Hoje, estamos tão habituados a idéia de que todas as casas de bruxos na Grã-Bretanha dispõem no mínimo de uma vassoura que raramente paramos para perguntar qual é a razão disto. Por que a humilde vassoura iria se transformar no único objeto legalmente aceito como meio de transporte bruxo? Por que nós, no Ocidente, não adotamos o tapete voador tão apreciados pelos nossos irmãos orientais? Por que não preferimos produzir barris voadores, poltronas voadoras, banheiras voadoras - por que vassouras?
Bastante perspicazes para compreender que seus vizinhos trouxas procurariam explorar seus poderes, se conhecessem seu alcance, os bruxos e bruxas ficavam quietos em seus cantos antes mesmo de o Estatuto Internacional de Sigilo a Magias entrar em vigor. Se pretendessem guardar um veículo de transporte em casa, teria de ser algo discreto, fácil de esconder. As vassouras eram ideais para isso; não exigiria explicações nem desculpa se fosse encontrado pelos trouxas, era portátil e de baixo custo. No entanto, as primeiras vassouras enfeitiçadas para voar tiveram os seus senões.
Há registros que os bruxos e bruxas europeus já estavam usando vassouras em 962d.C. Uma iluminura alemã desse período mostra três bruxos desmontando suas vassouras com expressões de mau estar no rosto. Guthrie Lochrin, um bruxo escocês, escreveu em 1107 que teve as "nádegas cravadas de farpas e as hemorróidas inflamadas" depois de um breve vôo de vassoura de Montrose a Arbroath.
Uma vassoura medieval exibida no Museu de Quadribol, em Londres, nos dá uma idéia das razões para o mal-estar de Lochrin (ver Fig. A). Um cabo de freixo nodoso e sem verniz, com gravetos de amendoeira amarrados toscamente a uma ponta, não é nem confortável nem aerodinâmico. Os feitiços lançados sobre as vassouras eram igualmente básicos: ela podia se deslocar apenas para frente e a uma dada velocidade; subia; descia e parava.
Naquele tempo, as famílias bruxas confeccionavam as próprias vassouras, por isso havia uma enorme variação na velocidade, no conforto e no manuseio desse meio de transporte de que dispunham. Por volta do século XII, no entanto, os bruxos já haviam aprendido a trocar serviços entre si, a fazer escambo, de modo que um mestre artesão de vassouras podia trocá- las pelas poções que seu vizinho soubesse preparar melhor que 15 ele. Quando as vassouras se tornaram mais confortáveis, os bruxos passaram a voá- las por diversão e não apenas para de transportar do ponto A ao ponto B.
Os jogos antigos com vassouras
Os esportes com vassouras surgiram assim que as vassouras se aperfeiçoaram o suficiente para permitir aos pilotos fazerem curvas e variar de altitude e velocidade.
Os textos e pinturas mágicos da Antigüidade nos dão uma idéia dos esportes praticados por nossos antepassados. Alguns já não existem; outros sobreviveram e evoluíram até se tornar os esportes que hoje conhecemos.
A famosa Annual Broom Race (Corrida Anual de Vassouras) da Suécia remota ao século X. Os pilotos faziam o percurso Kopparberg-Arjeplog, uma distancia pouco superior a 480 quilômetros. A rota atravessava uma reserva de dragões, e o imenso troféu de prata tem a forma de um Focinho-Curto sueco. Atualmente essa corrida se transformou em um evento internacional, e bruxos de todas as nacionalidades se reúnem em Kopparberg para torcer pelos jogadores à saída e em seguida aparatam até Arjeplo g para cumprimentar os sobreviventes.
O famoso quadro Günther der Gewalttätige ist der Gewinner (Gunther, o violento, é o vencedor) datado de 1105, nos mostra o antigo jogo alemão do Stichstock (Furabexiga).
Colocava-se uma bexiga de dragão, cheia de ar, no alto de uma baliza de seis metros de altura. Um jogador montado em uma vassoura tinha a função de proteger a bexiga. O guarda-bexiga era amarrado à baliza com uma corda passada na cintura, de modo que ele ou ela não podia se afastar mais de seis metros de seu posto. Os demais jogadores se revezavam voando até a bexiga e tentando perfurá- la com o cabo especialmente aguçados de suas vassouras. O guarda-bexiga podia usar a varinha para repelir os atacantes. O jogo terminava quando a bexiga era finalmente perfurada ou quando o guarda-bexiga conseguia azarar todos os oponentes, eliminando-os do jogo, ou ainda quando caíam de exaustão. O jogo do FuraBexiga desapareceu no século XIV.
Na Irlanda floresceu o jogo do Aingingein (Fogaréu), tema de muitas baladas irlandesas (comtam que o lendário bruxo Fingal, o destemido, foi campeão de Fogaréu). Um a um, os jogadores arrebatavam o Dom ou Bola (na realidade, a visícula de um bode) e atravessavam uma série de barris em chama erguidos por estacas. O Dom era, então, atirado através do último barril. O jogador que consegui-se atirá-lo em menos tempo, sem Ter ele mesmo pego fogo no caminho, era o vencedor. A Escócia foi o berço do jogo com vassouras provavelmente mas perigoso de todos - Creaothceann (Rachacrânio). O jogo é descrito em um poema trágico gaélico, Do século XI, cuja a tradução do primeiro verso é a seguinte: Juntos, os jogadores, doze homens de força e coragem,
Caldeirões afivelados, aguardavam em posição
Que a trompa soasse para saírem velozes pelo ar
Mas, dentre eles, dez voavam ao encontro da morte.
Cada jogador do Rachacrânio usava um caldeirão afivelado à cabeça. Ao som da trompa ou do tambor, uma cem pedras e pedregulhos enfeitiçados, que pairavam a uns trinta metros de altura, começavam a cair em direção ao solo. Os jogadores voavam para lá e para cá tentando recolher o maior número de pedras em seus caldeirões. Considerados por muitos bruxos escoceses o supremo teste de virilidade e coragem, o Rachacrânio gozou de popularidade na Idade Média, apesar do grande número de fatalidades que causava. O jogo foi proibido em 1762, e embora Magno McDonald, o Cabeça Amassada, liderasse uma campanha para sua reintrodução da década de 1960, o Ministério Da Magia se recusou a revogar a proibição.
A Shuntbumps (derrubada) foi um jogo popular em Devon, Inglaterra. Era uma forma rústica de justa com o único objetivo de desmontar da vassoura o maior número de possível de jogadores, saindo vencedor o último combatente a permanecer montado.
O Swivenhodge (Malhaporco) começou em Herefordshire. Tal como o FuraBexiga, esse jogo envolvia uma vesícula cheia de ar, em geral de um porco. Os jogadores montavam vassoura de trás para a frente e batiam na bexiga para cá e para lá, por cima de uma sebe, com a palha das vassouras. O jogador que errava marcava um ponta para o time adversário.
O primeiro a acumular cinqüenta pontos era o vencedor. O Malha porco é ainda jogado na Inglaterra, embora nunca tivesse alcançado grande popularidade; a derrubada sobrevive como apenas um jogo infantil. Entrementes, no brejo de Queerditch, surgira um jogo que um dia iria se tornar o mais popular no mundo dos bruxos.
O jogo do brejo de Queerditch
Devemos o nosso conhecimento das rústicas origens do quadribol aos escritos da bruxa Trude Keddle, que viveu às margens do brejo de Queerditch no século XI. Felizmente para nós, ela mantinha um diário, hoje no Museu de Quadribol em Londres. Os trechos citados a seguir foram traduzidos do original saxônio, repletos de erros de ortografia.
Terça- feira. Quente. Aqueles marginais da outra
margem do brejo andaram aprontando outra vez.
Às voltas com aquele jogo idiota montado em vassouras.
Uma bola enorme de couro veio parar na minha horta de
repolhos. Azarei o homem que veio buscá- la. Quero ver
ele voar ajoelhado de trás para a frente, porcão peludo.
Terça- feira. Chuvoso. Entrei no brejo para colher
urtigas. Os idiotas com vassouras jogavam outra vez.
Tem uma bola nova que eles atiram uma para os outros e
tentam acertar em troncos de cada lado do brejo. Uma
brincadeira inútil.
Terça- feira. Ventoso. Gwenog veio tomar chá de
urtigas, depois me convidou para passear. Acabamos
assistindo àqueles retardados jogando o tal jogo do
brejo. O bruxo grandalhão que mora lá no alto
do morro estava lá. Agora jogam com duas pedras
pesadas que voam pelo a e tentam derrubá-los
das vassouras. Infelizmente isso não aconteceu
enquanto eu estava assistindo. Gwenog me contou que,
muitas vezes, até ele participa deste jogo. Voltei para
casa chateada.
Estes excertos nos revelam muito mais do que Trude Keddle poderia ter imaginado, além do fato que ela só conhecia um dia da semana. Em primeiro lugar, a bola que caiu na horta de repolhos era feita de couro, como a moderna goles - com certeza era difícil atirar com precisão a vesícula cheia de ar usadas em outros jogos com vassouras da época, particularmente em dias ventosos. Em segundo lugar, Trude nos infirma que os homens
"tentavam acertar as bolas em troncos em cada lado do brejo" - ao que parece uma forma primitiva de marcar gols. Em terceiro lugar, ela nos permite formar uma vaga idéia dos percursores dos balaços. É interessantíssimo que estivesse presente o tal "bruxo grandalhão escocês". Teria sido um jogador de Rachacrânio? Seria idéia dele enfeitiçar pedras pesadas para faze- las voar ameaçadoramente pelo campo, inspirado nos predegulhos de sua terra natal?
Não encontramos outras menções do esporte praticado no brejo do Queerditch até um século mais tarde quando o bruxo Goodwin Kneen tomou a pena para escrever para seu primo norueguês, Olavo. Kneen vivia em Yorkshire, o que comprova a disseminação do esporte por toda a Grã-Bretanha nos cem anos que decorreramdesde que Trude Keddle o assistia. A carta de Kneen encontra-se nos arquivos do Ministério da Magia Norueguês
Caro Olavo,
Como vai você? Eu estou bem, embora Gunhilda ande com uma cataporazinha de dragão.
Participamos de uma animada partida do jogo do brejo na noite de Sábado, ainda que a coitada da Gunhilda não estivesse se sentindo em condições de jogar como pegadora e tivemos que substituí-la por Radulfo, o ferreiro. O time de Ilkley jogou ainda que não fosse páreo para nós, porque andamos praticando o mês inteiro e marcamos quarenta e dois gols. Radulfo levou um pedraço na testa por que o velho Ugga não foi bastante rápido com a maça. Os novos barris para marcação de gols funcionaram bem.
Três na ponta de cada escada, doados pela Oona da estalagem. Ela nos serviu quentão de graça a noite inteira porque ganhamos a partida. Gunhilda ficou meio aborrecida porque voltei para casa tão tarde. Fui obrigado a me desviar de umas azarações bem ruinzinhas que ela me lançou, mas agora já recuperei meus dedos.
Estou despachando esta carta pela melhor coruja que eu tenho, na esperança de que ela chegue aí.
Seu primo,
Goodwin
Por esta carta podemos avaliar como o jogo havia progredido em um século. A mulher de Goodwin devia Ter jogado de "pegadora" - provavelmente o nome antigo para artilheira. O "pedraço" (sem dúvida o balaço) que atingiu Radulfo, o ferreiro, deveria ter sido rebatido por Ugga, que obviamente devia estar jogando como batedor, pois usava um bastão. Os gols já não eram troncos, mas barris no alto de estacas. No entanto, continuava a faltar um elemento essencial ao jogo: o pomo de ouro. O acréscimo da Quarta bola no jogo só foi ocorrer em meados do século XIII e de maneira curiosa.
A chegada do pomo de ouro
Desde dos primeiros anos da década de 1100, a caça do Golden Snidget (Pomorim D Dourado) gozou de grande popularidade entre bruxos e bruxas. Hoje, esse passarinho (ver Fig. B) é uma espécie protegida, mas naquela época era muito comum no norte da Europa, embora dificilmente visto pelos trouxas, graça a sua habilidade de se esconder e à sua excepcional velocidade.
O tamanho diminuto do Pomorim, aliado à sua notável agilidade no ar e ao seu talento para fugir aos predadores, meramente aumentava o prestigio dos bruxos que o capturavam. Uma tapeçaria do século XII, conservada no museu do quadribol, mostra um grupo saindo a caça do Pomorim. No primeiro trecho da tapeçaria alguns bruxos carregam redes, outros empunham varinhas e ainda outros tentavam pegar o passarinho apenas com as mãos. A tapeçaria revela que o passarinho era muitas vezes esmagado pelo caçador. No último trecho da tapeçaria vemos o bruxo que o capturou recebendo uma bolsa de ouro.
A caça ao Pomorim Dourado era censurável por muitas razões. Todo bruxo de bom senso deve lamentar a destruição desses passarinhos amantes da paz em nome do esporte. Além disso, sua caça era em geral praticada em plena luz do dia, o que permitia trouxas avistarem mais vassouras voadoras do que em qualquer outra atividade bruxa. O Conselho de Bruxo da época, porém, não conseguia reduzir a popularidade do esporte - parecia mesmo que o Conselho não considerava o esporte censurável, como veremos mais adiante. A caça do Pomorim dourado finalmente cruzou o caminho do jogo do Brejo em 1269 numa partida que estava presente o próprio chefe do Conselho de Bruxos, Barbero Bragge.
Conhecemos o episódio pelo testemunha da Madame Modéstia Rabnott de Kent enviado a sua irmã, Prudência, em Aberdeen (carta que também se encontra em exibição no Museu de Quadribol). Segundo Madame Rabnott, Bragge levou ao jogo uma gaiola com um Pomorim e anunciou aos jogadores reunidos que daria um prêmio de cento e cinqüenta galeões (equivalentes a mais de um milhão de galeões hoje - se Bragge tinha a intenção ou não de pagar já era outra história) ao jogador que capturasse o passarinho durante a partida. Madame Rabnott explica o que aconteceu a seguir: Os jogadores levantaram vôo como se fossem um só homem, desprezando a goles e os pedraços. Os dois abandonaram as cestas e se juntaram a caçada. O coitadinho do Pomorim voava para cima e para baixo tentando achar um jeito de escapar, mas os bruxos que assistiam o obrigavam a voltar com Feitiços Repelentes. Bom, Pru, você sabe o que eu penso a respeito da caça ao Pomorim e sabe o que acontece quando eu perco a paciência. Corri para o campo e berrei: "Chefe Bragge, isto não é esporte! Liberte o Pomorim e nos deixe ver o nobre jogo do brejo que todos vieram ver!" Mas acredite, Pru, o bruto apenas riu e atirou a gaiola vazia em mim. Bom, aí eu vi vermelho, Pru, sem a menor dúvida. Quando o coitadinho do Pomorim voou em minha direção, executei um Feitiço Convocatório. Você sabe que meus feitiços convocatórios são bons, Pru - claro que foi mais fácil eu fazer pontaria porque não estava montada em uma vassoura no momento/. O passarinho disparou para dentro da minha mão. Enfiei-o dentro das vestes e corri feito loca.
Bom, ele me alcançaram, mas não antes de eu Ter me distanciado do público e libertado o Pomorim. O Chefe Bragge ficou muito zangado e, por um momento, pensei que ia me transformar em um sapo chifrudo ou pior, mas felizmente os assessores dele o acalmaram e eu só recebi uma multa de dez galeões por interromper a partida.
Naturalmente, nunca possuí dez galeões na vida, por isso lá se foi minha velha casa. Em breve irei morar com você, mas me dou por feliz por que pelo menos não me tenham confiscado o hipogrifo. Eu vou lhe confessar mais uma coisa, Pru, o chefe Bragge teria perdido o meu voto se eu tivesse o direito de votar.
Sua irmão que muito a ama,
Modéstia
A atitude corajosa de Madame Rabnott pode Ter salvado um Pomorim, mas não pôde salvar todos. A idéia do chefe Bragge mudou para sempre a natureza do jogo do Brejo.
Não tardou muito e passaram a soltar Pomorins Dourados em todas as partidas de Quadribol, e um único jogador de cada time (o caçador) recebeu a tarefa exclusiva de apanhá- lo. Quando a ave era morta o jogo acabava e o time do caçador ganhava cento e cinqüenta pontos a mais para lembrar os cento e cinqüenta galeões prometidos pelo chefe Bragge. Os espectadores se encarregavam de manter o Pomorim em campo por meio de Feitiços Repelentes mencionados por Madame Rabnott.
Em meados do século seguinte, porém, o número de Pomorins Dourados de reduzira de tal modo que o Conselho de Bruxos, então presidido por Elfrida Clagg, que era uma bruxa muito mais esclarecida, declarou o Pomorim Dourado uma espécie protegida, proibindo tanto a sua caça quanto o seu uso em jogos de Quadribol. Fundaram o Santuário do Pomorim Modéstia Rabnott, em Somerset, e procuraram freneticamente um substituto para o passarinho de forma a permitir a continuação do jogo do Brejo.
Credita-se a invenção do Pomo de Ouro ao bruxo Bowman Wright de Godric's Hollow. Enquanto os times do jogo do Brejo em todo país tentavam encontrar um passarinho para substituir o Pomorim, Wright, que era um competente encantador de metais, mergulhou em uma tarefa de criar uma bola que imitasse o comportamento e os padrões de vôo do Pomorim. É absolutamente obvio que ele foi bem-sucedido pelos muitos rolos de pergaminho que nos deixou antes de morrer (hoje em poder de um colecionador particular), nos quais registra as muitas encomendas que recebeu em todo o país. O Pomo de Ouro, nome que Bowman deu a sua Criação, era uma bola do tamanho de uma noz com o peso exato de um Pomorim. Suas asas prateadas foram dotadas com juntas rotativas como as do passarinho, que lhe permitia mudar de direção com a velocidade de um relâmpago e a precisão de um modelo vivo. Ao contrario de um Pomorim, no entanto, o Pomo fora enfeitiçados para ficar dentro dos limites do campo. Podemos dizer que a introdução do Pomo de Ouro encerrou o processo iniciado trezentos anos antes no brejo de Queerditch. Nascia realmente o Quadribol.
Precauções antitrouxas
Em 1398 o bruxo Zacarias Mumps redigiu a primeira descrição completa do Quadribol. E Ele começou por enfatizar necessidade de se estabelecerem medidas de segurança antitrouxas durante a realização dos jogos: "Escolham áreas de charnecas desertas, longe das habitações dos trouxas, e tomem medidas para não serem vistos depois de decolar com suas vassouras. Os feitiços de repelir trouxas são úteis se alguém pretende construir um campo permanente. É igualmente aconselhável que se jogo à noite."
Deduzimos que os excelentes conselhos de Mumps não foram seguidos porque, em 1362, o Conselhos dos Bruxos proibiu a pratica do Quadribol em um raio de oitenta quilômetros das cidades do país. Era evidente que a popularidade do jogo estava crescendo porque o Conselho achou necessário emendar a lei de 1368 tornando ilegais os jogos a menos de cento e sessenta quilômetros de uma cidade. Em 1419, o Conselho publicou o decreto, cujo texto se tornou famoso, determinando que o Quadribol não deveria ser jogado "próximo a lugar algum que haja a mínima possibilidade de ser assistido por um trouxa ou veremos com que perícia o infrator jogará acorrentado à parede de uma masmorra".
Conforme todo bruxo em idade escolar sabe, o fato de voarmos em vassouras provavelmente o nosso segredo mais mal guardado. Nenhuma ilustração de bruxas feita por trouxas está completa sem uma vassoura e, por mais absurdo que sejam tais desenhos (porque as vassouras representada se sustentaria no ar sequer por um instante), eles nos lembram que fomos descuidados durante séculos demais e não devemos nos surpreender que vassouras e magia estejam indissoluvelmente ligados na cabeça dos trouxas.
As medidas de segurança necessárias não entraram em vigor até o Estatuto de Sigilo em Magia tornar os Ministérios da Magia nacionais diretamente responsáveis pelas conseqüência dos esportes praticados em seu território. Disso decorreu, na Grã-Bretanha, a criação do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Os times de Quadribol que desrespeitavam as a diretrizes do ministério eram obrigadas a se dissolver.
O caso mais famoso de dissolução foi o dos Rojões de Banchory, um time escocês notório não somente por sua imperícia no Quadribol quanto pelas festas que davam após os jogos. Depois que jogou em 1814 contra os Flechas de Appleby (veja Capítulo 7), os Rojões não só deixaram seus balaços se perderem no céu como saíram para capturar um dragão negro das Hébridas para adotar como mascote do time. Os representantes do Ministério da Magia os surpreenderam quando sobrevoavam Inverness, e os Rojões de Banchory nunca mais tornaram a jogar. Nos dias atuais, os times de Quadribol não jogam em suas sedes, mas viajam até campos construídos pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, nos quais foram adotas mediadas de segurança antitrouxas permanentes. Conforme Zacarias Mumps sugeria tão sensatamente, há seiscentos anos, os campos de Quadribol são mais seguros em charnecas desertas.
Mudanças no Quadribol a partir do Século XIV
Campo Zacarias Mumps conta que o campo do século XIV era um ovóide, de cento e cinqüenta e dois metros de comprimento por cinqüenta e cinco de largura, com uma pequena área circular de aproximadamente sessenta centímetros de diâmetro ao centro. Ele conta, ainda, que o juiz (ou quijuiz, como era conhecido então, fosse homem ou mulher) levava as quatro bolas ao circulo central rodeado pelos quatorze jogadores. No momento em que as bolas eram liberadas (a goles era atirada pelo juiz - veja "Goles" mais adiante), os jogadores levantavam vôo a toda velocidade. No tempo de Mumps, os gols eram marcados em enormes cestas presas no alto de postes, Em 1620, Quíntio Umfraville escreveu um livro intitulado O Nobre Esporte dos Bruxos, no qual havia um diagrama do século XVII Nele vemos o acréscimo do que hoje conhecemos com "pequena área" em cada extremidade do campo. As cestas no alto dos postes eram muito menores e mais altitudes do que no tempo de Mumps. Por volta de 1883 as cestas deixaram de serem usadas para a marcação de gols e foram substituídas pelas balizas que hoje usamos, uma inovação noticiada pelo Profeta Diário da época (veja adiante). A partir daí o campo de Quadribol não sofreu nenhuma mudança.
Devolvam as nossas cestas!
Era o que gritavam os jogadores de Quadribol em todo país, ontem à noite, quando se tornou evidente que o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos decidira queimar as cestas usadas a séculos no Quadribol para a marcação de gols.
"Não vamos queimar as cestas, não exagerem", disse um represente do Departamento com ar irritadiço à noite passada quando lhe pediram que comentasse a notícia. "As cestas, como vocês devem Ter observado, são fabricadas em diferentes tamanhos. Constatamos que é impossível padronizar o tamanho das cestas de modo a igualar as balizas de gol em toda a Grã-Bretanha. Sem dúvida vocês são capazes de perceber que é uma questão de justiça. Quero dizer, há um time nas proximidades de Barnton que prende cestas minúsculas às balizas do time adversário, em que não se consegue acertar nem uma uva. Em contraposição, nas balizas deles há verdadeiras cavernas de vime balançando para lá e para cá. Não é direito. Definimos aros de tamanhos fixos e já está decidido. De forma certa e justa." Nesse momento, o representante do Departamento foi obrigado a se retirar sob uma saraivada de cestas atiradas por manifestantes furiosos que se aglomeravam no saguão.
Embora duendes agitadores tenham levado a culpa pelo tumulto que se seguiu, não resta dúvida que esta noite os fãs de Quadribol em toda a Grã-Bretanha estão chorando o fim do jogo que conhecíamos. "Não vai ser a mesma coisa sem as cestas", disse com tristeza um velho bruxo de bochechas redondas e coradas. "Eu me lembro de que quando era rapaz, constumávamos atear fogo nas cestas durante as partidas só para nos divertir. Não se pode fazer isso com os aros. Acabaram com a metade da graça."
Profeta Diário, 12 de fevereiro de 1883
Os Balaços
Os primeiros balaços (ou "pedraços") eram, como vimos, pedras voadoras, na época de Mumps, tinham sido meramente desbastadas para assumirem uma forma arredondada.
Apresentavam, porém, uma importante desvantagem: podiam ser quebradas pelas massas magicamente reforçadas dos batedores do século XV, caso em que todos os jogadores passavam a ser perseguidos pelos fragmentos de pedra pelo resto da partida.
Provavelmente deve ter sido esta razão de alguns times de Quadribol começaram a experimentar balaços de metal no início do século XVI. Ágata Chubb, especialista em artefatos mágicos antigos, já identificou nada menos que doze balaços de chumbo desse período, encontrados tanto em turfeiras quanto em Brejos ingleses. "São, sem a menor dúvida, balaços e não balas de canhão", escreve ela. As leves mossas dos bastões magicamente reforçados usados pelos batedores são visíveis bem como as marcas inconfundíveis da manufatura bruxa (em oposição à trouxa) - a lisura da curvatura, a perfeita simetria. Um fato decisivo foi que cada um dos espécies voou pelo meu escritório e tentou me derrubar no chão quando sua caixa foi aberta.
Com o tempo, os bruxos descobriram que o chumbo era demasiadamente macio para a fabricação de balaços (qualquer mossa deixada nele afetava sua capacidade de voar em linha reta). Atualmente eles são feitos de ferro e têm vinte e cinco centímetros de diâmetro.
Os balaços são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá- los. Se permitirmos que ajam livremente, eles atacarão o jogador mais próximo, donde a tarefa do batedor é rebater os balaços para o mais longe possível de seu próprio time.
O Pomo de Ouro
O Pomo de Ouro tem o tamanho de uma noz tal qual o Pomorim Dourado. É enfeitiçado para fugir da captura o maior tempo possível. Cantam que ouve um Pomo de Ouro que fugiu à captura durante seis meses na charneca de Bodmin em 1884 até que os dois times desistiram, desgostosos com a imperícia dos seus respectivos apanhadores. Os bruxos da Cornualha que conhecem aquela charneca insistem ainda hoje que o Pomo continua a vagar ali em estado selvagem, embora eu não tenha conseguido confirmar a história.
Segundo Zacarias Mumps, o goleiro deve ser o primeiro a chegar as cestas do gol, uma vez que é sua função impedir que a goles entre. O goleiro deve ter o cuidado de não se afastar demais para o lado do campo adversário para impedir que suas cestas sejam ameaçadas durante sua ausência. Contudo, um goleiro veloz pode marcar um gol e voltar às cestas em tempo de impedir que o outro time empate. Cada goleiro deve decidir individualmente como agir.
Nesse texto, Mumps deixa claro que, em seu tempo, os goleiros desempenhavam a função de artilheiros assumindo outras responsabilidades. Podiam se deslocar por todo o campo e marcar gols.
Na época que Quíntio Unfraville escreveu O Nobre Esporte dos Bruxos, em 1620, as funções do goleiro tinham sido simplificadas. Foram acrescentadas pequenas áreas ao campo e os goleiros eram aconselhados a permanecer dentro delas, guardando as cestas do gol, embora pudessem se afastar numa tentativa de intimidar os artilheiros adversários ou impedir antecipadamente suas jogadas.
Os Batedores
Os deveres dos Batedores mudaram muito pouco através dos séculos e é provável que eles tenham existido desde a introdução dos balaços. Sua primeira tarefa é proteger os jogadores de seu time dos balaços, o que eles fazem com auxílio de bastões. Os batedores nunca foram marcadores de gols, nem há qualquer indicação de que tenham usado a goles.
Esses jogadores precisam de grande força física para repelir os balaços. Portanto, sua posição, mais do que qualquer outra, em geral é ocupada por bruxos em vez de bruxas. Os batedores precisam ainda possuir um grande senso de equilíbrio, porque, por vezes, torna-se necessário soltarem as duas mãos da vassoura para rebater um balaço com ambas.
Os Artilheiros
Artilheiro é a posição mais antiga do Quadribol, pois outrora o jogo inteiro consistia em marcar gols. Eles atiram a goles um para o outro e marcam dez pontos todas vezes que conseguem passá-la por dentro dos aros do gol.
A única mudança significativa nesta função ocorreu em 1884, um ano antes da substituição das cestas por aros de gol. Foi introduzida uma nova regra pela qual somente o artilheiro que estivesse carregando a goles podia penetrar na pequena área. Se mais de um artilheiro entrasse, o gol seria impedido. Tal regra destinava-se a banir a "escada", uma jogada em que dois artilheiros entram na pequena área e empurram o goleiro para o lado, deixando o aro do gol desimpedido para um terceiro artilheiro marcar o gol. A reação a essa nova regra foi noticiada no Profeta Diário da época.
O Apanhador
Em geral os pilotos mais leves e mais velozes, os apanhadores precisam ter a visão aguçada e a habilidade de voar usando apenas uma das mão ou nenhuma. Dada a sua imensa importância no resultado global da partida, pois a captura do pomo muitas vezes arranca a vitória das garras da derrota, os apanhadores são alvos do maior número de faltas dos jogadores do time adversário. De fato, embora um imenso charme envolva a posição de apanhador, porque são tradicionalmente os melhores pilotos em campo, eles são também os jogadores que recebem as piores contusões. "Tire o apanhador de campo" é a primeira regra em A bíblia do batedor, escrita por Bruto Scrimgeour.
Regras
As seguintes regras foram estabelecidas pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos por ocasião de sua criação em 1750:
1. Embora não haja limitação à altitude a que um jogador ou uma jogadora podem voar durante uma partida, ele ou ela não podem deixar os limites do campo. Se um jogador ultrapassar esses limites, seu time deverá entregar a goles ao time adversário.
2. O capitão do time pode pedir "tempo" fazendo um sinal ao juiz da partida. Esse é o único momento que é permitido aos jogadores encostarem os pés no solo durante a partida. O tempo solicitado pode ser prorrogado até duas horas se uma partida já durou mais de doze horas. Decorrido esse tempo, se um time não retornar ao campo será desclassificado.
3. O juiz poderá aplicar penalidades contra um time. O artilheiro que vai cobrá- la deverá voar do círculo central para a pequena área. Os demais jogadores, exceto o goleiro adversário, devem se manter bem afastados enquanto a penalidade é cobrada.
4. A goles pode ser roubada das mãos de outro jogador, mas em circunstância alguma um jogador poderá tocar em qualquer parte da anatomia do outro.
5. Em caso de contusão, nenhum jogador será substituído. O time continuará a partida sem o jogador contundido.
6. É permitido levar varinhas para o campo *, que, no entanto, não poderão ser usadas em circunstância alguma contra os jogadores do time adversário, as vassouras do time adversário, o juiz ou contra quaisquer das bolas ou espectador.
7. Uma partida de Quadribol só terminará quando o pomo de ouro for capturado ou por consentimento mútuo dos capitães dos dois times.
*O direito de sempre portar uma varinha foi estabelecida pela Confederação Internacional dos Bruxos em 1692, quando a perseguição dos trouxas contra eles atingiu o auge e os bruxos planejaram se refugiar em esconderijos.
Faltas
A regras naturalmente "foram feitas para serem desobedecidas". O Departamento de Jogos e Esportes Mágicos registra setecentas faltas em quadribol e sabe-se que todas ocorreram durante a final da primeiríssima Copa Mundial em 1473. Sua lista completa, porém, nunca foi divulgada. Na opinião do Departamento, os bruxos e bruxas que vissem a lista poderiam "Ter idéias".
Por sorte tive acesso aos documentos referentes às faltas, ao pesquisar para este livro, e estou em posição de confirmar que o público em nada se beneficiaria coma a sua divulgação. Em todo o caso, noventa por cento das faltas arroladas são impossíveis de praticar, enquanto estiver em vigor a proibição (imposta em 1538) de usar varinhas contra o time adversário. Os dez por cento restantes, posso afirmar com segurança, em sua maioria, não ocorreriam nem aos jogadores mais desleais; por exemplo, "tocar fogo na cauda da vassoura do adversário", "atacar a vassoura do adversário com uma maça", "atacar um adversário com uma machado". Não queremos com isso dizer que os jogadores modernos de quadribol jamais infrinjam regras. Listamos a seguir dez faltas mais comuns.
O termo correta para as mesmas, em quadribol, encontrasse na primeira coluna.
Nome
Aplicável a Descrição
Mutretar
Todos os jogadores
Segurar a cauda da vassoura do
adversário para retardá-lo ou atrapalhá- lo.
Trombar
Todos os jogadores Voar com intenção de colidir.
Guidonar
Todos os jogadores Engatar os cabos das vassouras visando a desviar o adversário do seu curso.
Catimbar batedores apenas
Rebater o balaço para as arquibancadas, obrigando as autoridades a acorrer para roteger o público. Por vezes a manobra é usada por jogadores inescrupulosos para impedir o artilheiro adversário e marcar um gol.
Acotovelar
Todos os jogadores
Uso excessivo de cotoveladas nos adversários.
Bloquear
Goleiro apenas
Enfiar qualquer parte da anatomia no aro do gol para empurrar a goles para fora.
A função do goleiro é bloquear o aro pela parte da frente e não por trás.
Conduzir
Artilheiros apenas
Manter a mão na goles enquanto ela atravessa o aro do gol (a gole deve ser atirada).
Furar a goles
Artilheiros apenas
Danificar a goles, isto é, furá- la para que caia mais rápido ou em ziguezague.
Roubar o pomo
Todos os jogadores, Qualquer jogador, exceto o apanhador, exceto o apanhador que toque ou capture o pomo de ouro.
Fazer escada
Artilheiros apenas
Mais e um artilheiro penetrar na equena área.
Juizes
No passado, arbitrar uma partida de Quadribol era uma tarefa apenas para os bruxos e bruxas mais corajosos. Zacarias Mumps conta que um árbitro de Norfolk, chamado Ciprião Youdle, faleceu em 1357 durante um amistoso entre bruxos locais. O autor da maldição nunca foi apanhado, mas se acredita que foi um espectador. Embora não tenha havido nenhum assassinato comprovado de juizes desde então, houve várias ocorrências de adulteração de vassouras através dos séculos, a mais perigosa tendo sido a transformação da vassoura do juiz em uma chave de portal de modo a fazê- lo abandonar a partida no meio e reaparecer meses depois no deserto do Saara. O Departamento de Jogos e Esportes Mágicos baixou rigorosas diretrizes sobre as medidas de segurança a serem aplicadas às dos jogadores e, hoje em dia, tais incidentes são, felizmente, muito raros.
O juiz de Quadribol eficiente precisa ser mais do que um piloto excepcional. Ele ou ela precisa observar as manobras de catorze jogadores ao mesmo tempo, donde a contusão mais comum de um juiz é, conseqüentemente, o torcicolo. Nas partidas profissionais, o árbitro conta com dois assistentes que vigiam os limites do campo para garantir que nem os jogadores nem as bolas ultrapassem o perímetro exterior.
Na Grã-Bretanha, os juizes de Quadribol são selecionados pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Eles são submetidos a rigorosos testes de vôo e a um minucioso exame escrito sobre as regras do Quadribol além de comprovarem por meio de testes intensivos que não irão azarar nem enfeitiçar jogadores agressivos mesmo sobre ext rema pressão.
Times de Quadribol da Grã -Bretanha e da Irlanda
A necessidade de manter o jogo de quadribol secreto para trouxas significa que o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos precisou limitar o número de partidas jogadas a cada ano. Embora os jogos amadores sejam permitidos, desde que as diretrizes estabelecidas sejam cumpridas, o número de times de Quadribol profissional foi limitado a partir de 1674 quando foi organizada a Liga de Quadribol. À época, o Departamento selecionou os treze melhores times de Quadribol da Grã-Bretanha e da Irlanda para tomarem parte da Liga e solicitou que todos os outros se dispensassem. Os treze times continuam a competir todos os anos pela Taça da Liga.
Appleby Arrows (Flechas de Appleby)
Esse time do norte da Inglaterra foi fundado em 1612. Eles usavam vestes azul-clara com o brasão de uma flecha prateada. Os fãs dos Flechas irão concordar que a hora mais gloriosa do time foi aquela em que derrotaram, em 1932, o time campeão da Europa, os Abutres de Vratsa, em uma partida que durou dezesseis dias sob chuva e denso nevoeiro. O velho hábito dos torcedores de clube de atirar flechas para o auto com suas varinhas, todas as vezes que seus artilheiros marcavam um gol, foi proibido pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos em 1894 quando um desses artefatos perfurou o nariz do juiz Nugento Potts. Há uma rivalidade tradicional entre os Flechas e as Vespas de Wimbourne, como veremos mais adiante.
Ballycastle Bats (Morcegos de Ballycastle)
Até o momento , o time de quadribol mais famoso da Irlanda do Norte ganhou a Taça da Liga um total de vinte e sete vezes, e se tornou o segundo time mais bem sucedido na historia da Liga. Os Morcegos usam vestes pretas com um morcego vermelho estampado no peito. Sua mascote famosa, um morcego frutívoro de nome Barny, é também muito conhecida por aparecer nos anúncios de cerveja amanteigada (Barny diz: Morcegar só com cerveja amanteigada!)
Caerphilly Catapults (Catapultas de Caerphilly)
O Catapultas do País de Gales, que se formo em 1402, usa vestes com listras verde-claras e vermelhas. A respeitável historia do clube inclui dezoito vitórias em campeonatos da Liga e um famoso triunfo na final da Taça Européia, em 1956, quando derrotou o time norueguês dos Papagaios de Karasjok. A trágica perda de seu jogador mais famoso, "Daí" Llewellyn, o Perigoso, devorado por uma Quimera quando passava as férias em Mykonos, na Grécia, levou à decretação de um dia de luto nacional entre os bruxos e bruxas galesas.
A Medalha Comemorativa de Daí, o Perigoso, é atualmente concedida no fim da temporada ao jogador da Liga que tiver se exposto aos riscos maiores e mais eletrizantes durante uma partida.
Chudley Canoas (Canhões de Chudley)
Muitos consideram que os dias de gloria dos Canhões de Chudley já terminaram, mas seus leais fãs vivem na esperança de renascimento. O Canhões ganhou a Taça da Liga vinte e uma vezes, a última em 1892, e seu desempenho no ultimo século foi totalmente medíocre.
O Canhões de Chudley usa vestes laranja- vivo com um brasão em que há uma bala de canhão em movimento e um "C" preto duplo. O lema do clube foi mudado em 1972 de
"Nós venceremos" para "Vamos fazer figa e esperar o melhor".
Falmouth Falcons (Falcões de Falmouth)
O Falmouth Falcons (Falcões de Falmouth) usa vestes nas cores branco e cinza-chumbo com a cabeça de um falcão estampado no peito. O time é conhecido pelo jogo duro, uma reputação consolidada por seus batedores mundialmente famosos, Kevin e Carlos Broadmoor. Os dois jogaram pelo clube de 1958 a 1969 e suas faltas resultaram em nada menos que catorze suspensões aplicadas pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
O lema do clube: "Vamos vencer, mas se não pudermos, arrebentaremos o adversário!"
Holyhead Harpies (Harpias de Holyhead)
O Ho lyhead Harpies (Harpias de Holyhead) é um time galês muito antigo (fundado em 1203), único entre os times de Quadribol do mundo, porque sempre foi formado apenas por bruxas. As vestes do Harpias são verde-escuras e têm uma garra dourada no peito. A derrota infligida pelo Harpias aos Gaviões de Heidelberg em 1953 é considerada, pela maioria dos entendidos, um das melhores partidas de Quadribol a que já se assistiu. Com a duração de sete dias, o jogo foi encerrado com a espetacular captura do pomo pela apanhadora do Harpias, Dulce Griffiths. O capitão do Gaviões, Rodolfo Brand, num gesto que se tornou famoso, desmontou da vassoura no final da partida e pediu em casamento a capitã do time adversário, Gwendolyn Morgan, que o surrou com a sua Cleansweep Five.
Kenmare Kestrels (Francelhos de Kenmare)
Esse time irlandês foi fundado em 1291 e é mundialmente aplaudido pelas exibições animadas de suas mascotes leprechauns (duendes irlandeses) e pelas excelentes audições de harpa dos seus torcedores. Os Francelhos usa vestes verde-esmeralda com um "F" e um "K" amarelos rebatidos sobre o peito. Darrem O'Hare, goleiro do Francelhos de 1947 a 1960, foi capitão da equipe nacional irlandesa três vezes e é considerado o inventor da Formação Ataque Cabeça-de-falcão para artilheiros
Montrose Magpies (Pegas de Montrose)
O Magpies (Pegas) é o time de maior sucesso na história da Liga Britânica e Irlandesa, cuja taça eles ganharam trinta e duas vezes. Duas vezes campeão europeu, o Pegas tem fãs no mundo inteiro. Seus muitos jogadores excepcionais incluem a apanhadora Eunice Murray (falecida em 1942), que certa ocasião pediu que inventassem "um Pomo de Ouro mais veloz porque o que existe é fácil demais", e Hamish MacFarlan (capitão de 1957-68), que continuou a sua bem-sucedida carreira no Quadribol como chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, função que desempenhou brilhantemente. O
Pegas usa vestes nas cores preta e branca com uma pega estampada no peito e outra nas costas.
Pride of Portree (Orgulho de Portree)
Este time tem origem na Ilha de Skye onde foi fundado em 1292. O "Orgulho", como é conhecido por seus fãs, usa vestes roxo-escuras com uma estrela dourada no peito. Sua mais famosa artilheira, Catarina McCormack, capitaneou o time na conq uista de duas Taças da Liga na década de 1960 e jogou pela Escócia trinta e seis vezes. Sua filha Meaghan joga atualmente como goleira no Orgulho. (Seu filho Kirley é o principal guitarrista na popular banda bruxa As Esquisitonas.)
Puddlemere United (União de Puddlemere)
Fundado em 1163, o Puddlemere United (União de Puddlemere) é o time mais velho da Liga. Puddlemere tem seu a credito vinte e dois campeonatos da Liga e duas Taças Européias. O hino do time, "Rebatam esses balaços, rapazes, e jogue essa goles para cá", foi recentemente gravado pela cantora bruxa Celstina Warbeck para angariar fundos para o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Os jogadores do Puddlemere usam vestes azul- marinho com o emblema do clube, dois juncos dourados cruzados sobre o peito.
Tutshill Tornados (Tornados de Tutshill)
O Tornado usa vestes azul-celeste com um "T" duplo, azul-escuro, no peito e nas costas. Fundado em 1520, o Tornados teve o seu período de maior sucesso do inicio do século XX quando, capitaneado pelo apanhador Rodrigo Plumpton, ganhou a Taça da Liga cinco vezes seguidas, um recorde britânico e irlandês. Rodrigo Plumpton jogou como apanhador pela Inglaterra vinte e duas vezes e detém o recorde britânico pela captura mais rápida de um Pomo de Ouro em uma Partida (três segundos e meio contra o Catapultas de Caerphilly em 1921).
Wigtown Wanderes (Vagamundos de Wigtown)
Esse clube de Borders foi fundado, em 1422, pelos sete filhos e um açougueiro bruxo chamado Válter Parkin. Os quatro irmãos e três irmãs formavam em todos os sentidos um time fantástico que raramente perdia um jogo, dizia-se que, em parte, pela intimidação que o time adversário sofria ao ver Válter postado a um lado do campo com uma varinha em uma das mãos e o cutelo de açougueiro na outra. Através dos séculos há um descendente dos Parkin no time de Wigtown, cujos jogadores usam veste vermelho-sangue com um cutelo prateado no peito.
Wimbourne Wasps (Vespas de Wimbourne)
O Wimbourne Wasps (Vespas de Wimbourne) usa vestes com listras horizontais amarelas e pretas com uma vespa no peito. Fundado em 1312, os Vespas venceu dezoito vezes o campeonato da Liga e foi duas vezes semifinalista da Taça da Europa. Acredita-se que seu nome vem de um incidente desagradável que ocorreu durante uma partida contra o Flechas de Appleby em meados do século XVII na qual um batedor, ao passar voando por uma árvore no perímetro do campo, notou um ninho de vespas entre os galhos e arremessou-o com uma bastonada em direção ao apanhador do Flechas; este teve mordidas tão numerosas que precisou se retirar da partida. Wimbourne venceu e dali em diante adotou a vespa como seu emblema de sorte. Os faz do Vespas (também conhecidos como "ferrões") tradicionalmente zumbem alto para distrair os artilheiros adversários que estão cobrando faltas.
A invenção da vassoura de corrida
Até princípios do século XIX, o Quadribol era jogado em vassouras comuns de qualidade variável. Tais vassouras representava, um enorme progresso com relação às suas antecessoras medievais; a invenção do Feitiço Amortecedor por Elliot Smethwyck, em 1820, contribuiu muitíssimo para tornar as vassouras mais confortáveis do que nunca (veja Fig. F). Mas, de um modo geral, as vassouras do século XIX não tinham potência para atingir grande velocidade e eram muitas vezes difíceis de controlar a altitudes elevadas. Além disso, elas eram, na maioria das vezes, produzidas por bruxos artesãos à mão e, embora fossem admiráveis do ponto de vista de estilo e requinte, seu desempenho raramente estava à altura de sua bela aparência. Um bom exemplo é a Oakshaft 79 (assim chamada por ter sido criada em 1879). Produzida pelo vassoureiro Elias Grimstone, de Portsmouth, a Oakshaft é uma bela peça, com um grosso cabo de carvalho, projetada para grande autonomia de vôo e resistência aos ventos de altitude. Hoje a Oakshaft é uma vassoura de época muito apreciada, mas as tentativas de usá- la para jogar Quadribol nunca foram bem sucedidas. Excessivamente pesada nas curvas em alta velocidade, jamais gozou de popularidade entre os jogadores que preferiam a agilidade à segurança, mas será sempre lembrada como a vassoura em que Jocunda Sykes fez a primeira travessia do Atlântico em 1935.(Até então, os bruxos preferiam viajar de navios, em vez de confiar em vassouras para vencer longas distâncias. A aparatação torna-se tanto menos confiável quanto maior for a distancia e é uma imprudência, exceto para bruxos de grande perícia, tentar usá-la para cruzar continentes.)
A Moontrimmer, criada por Gladis Boothby em 1901, representou um salto de qualidade na construção de vassouras e, por algum tempo, houve uma grande demanda dessas peças finas com cabos de freixo. A principal vantagem da Moontrimmer sobre outras era sua capacidade de atingir altitudes mais elevadas do que as existentes (e permanecer controlável a tais altitudes). Gladis Boothby, porém, não teve capacidade de produzir Moontrimmers na quantidade exigida pelos jogadores de Quadribol. O lançamento de uma nova vassoura, a Silver Arrow, chegou em boa hora e foi a verdadeira precursoras da vassoura de corrida, alcançando velocidade muitos maiores do que a Moontrimmer ou a Oakshaft (até cento e doze quilômetros por hora com o vento de cauda), mas, como as anteriores, foi trabalho de um único bruxo (Leonardo Jewkes) e a demanda novamente ultrapassou a produção.
A solução surgiu em 1926 quando os ir mãos Roberto, Guilherme e Barnabé Ollerton abriram a Companhia de Vassouras Cleansweep. Seu primeiro modelo, a Cleansweep One, foi produzido em quantidade jamais vista e comercializada como uma vassoura de corrida especificamente projetada para uso esportivo. A Cleansweep teve um sucesso instantâneo e irrefreável, fazia curvas como nenhuma vassoura fizera antes e, em um ano, todos os times de Quadribol do país estavam montando Cleansweeps Os irmãos Ollerton, porém, não continuaram a dominar o mercado de vassouras de corrida por muito tempo. Em 1929, uma Segunda companhia de vassouras de corrida foi fundada por Randolfo Keitch e Basílio Horton, ambos jogadores do Falcões de Falmouth.
A primeira vassoura da Companhia de Comércio Comet foi a Comet 140, por ter sido esse o número de modelos testados por Keitch e Horton antes do seu lançamento. O Feitiço de Freagem patenteado pelos dois diminuiu a probalidade dos jogadores de Quadribol fazerem lançamentos além das balizas ou voar fora dos limites do campo, e, em conseqüência, a Comet se tornou a vassoura preferida de muitos times britânicos e irlandeses.
Quando a concorrência entre a Cleansweep e a Comet se tornou mais intensa, acentuada pelo lançamento das Cleansweep Two e Three, e a Comet 180 em 1938, outros fabricantes de vassouras foram surgindo por toda Europa.
A Tinderblast, foi lançada no mercado em 1940. Produzida por uma companhia na Floresta Negra, a
Ellerby e Spudmore, a Tinderblast é uma vassoura de excepcional flexibilidade, embora jamais tenha atingido as velocidades superiores das Comets e Cleansweeps. Em 1952, a Ellerby e Spudmore lançou um novo modelo, a Swiftstick. Mais veloz que a Tinderblast, a Swiftstick, no entanto, tinha uma tendência a perder potência durante a subida e nunca foi usada por times profissionais de Quadribol.
Em 1955, a Universal Vassouras Limitada apresentou a Shooting Star, a vassoura de corrida mais barata até o presente momento. Infelizmente, depois de uma explosão inicial de popularidade, constatou-se que a Shooting Star perdia velocidade e altura à medida que envelhecia, e a Universal Vassouras fechou as portas em 1978.
Em 1967, porém, o mundo das vassouras foi eletrizado pela formação da Companhia Nimbus de Vassouras de Corrida. Nunca se vira nada semelhante à Nimbus 1000. Com velocidade até cento sessenta quilômetros por hora, capaz de fazer um giro de 360 graus em torno de um ponto fixo no ar, a Nimbus combinava a confiabilidade da velha Oakshaft 79 com a facilidade de manejo da melhor Cleansweep. A Nimbus tornou-se imediatamente a vassoura preferida pelos times profissionais de Quadribol em toda Europa, e os modelos subseqüentes (1001, 1500 e 1700) têm mantido a companhia no primeiro lugar do mercado.
A Twigger 90, lançada em 1990, destinava-se, segundo seus fabricantes, Flyte e Barker, a substituir a Nimbus na liderança do mercado. No entanto, embora essa vassoura tivesse um acabamento requintado e incluísse vários recursos tais como um aviso sonoro e correção automática de rumo, descobriu-se que a Twigger empenava em alta velocidade, e ela acabou ganhando a má reputação de ser voada por bruxos que possuíam mais galeões do que bom senso.
O Quadribol hoje
Quadribol continua a emocionar e a obcecar seus muitos fãs no mundo inteiro. Hoje, O todo torcedor que compra entrada para uma partida de Quadribol tem a garantia de assistir a uma competição sofisticada entre pilotos altamente qualificados (a não ser, é claro, que o pomo seja capturado nos primeiros cinco minutos da partida, caso em que todos se sentem enganados). Nada comprova melhor nossa afirmação do que os movimentos complicados que foram inventados durante a longa história do esporte por bruxos e bruxas ansiosos por levar o jogo e eles mesmos o mais longe possível.
Descrevemos alguns desses movimentos a seguir:
Bludger Backbeat (Rebate Falso)
Uma jogada em que o batedor gira o bastão e rebate o balaço para trás em vez de para frente. É difícil executá- la com precisão, mas a manobra é excelente para confundir os adversários.
Dopplebeater Defence (Dupla Defesa de Batedores)
Os dois batedores rebatem o balaço ao mesmo tempo para lhe imprimir maior impulso, produzindo um contra-ataque de grande impacto.
Double Eight Loop (Defesa de Oito Duplo)
Defesa de goleiro, em geras usada contra o jogador que cobra uma penalidade, na qual o goleiro contorna os três aros do gol em alta velocidade para bloquear a goles.
Hawkshead Attacking Formation (Formação de Ataque Cabeça-de-Falcão) Os artilheiros formam um V e voam juntos em direção às balizas. Esta formação intimida fortemente o time adversário a força os outros jogadores a se afastarem para os lados.
Parkin's Pincer (Pinça de Parkin)
Recebe esse nome em homenagem à equipe original do Vagamundos de Wigtown, ao qual é atribuída a invenção desse movimento. Dois artilheiros assediam o artilheiro adversário, um de cada lado, enquanto um terceiro voa de frente diretamente contra ele ou ela.
Plumpton Pass (Passe de Plumpton)
Movimento de apanhador: uma guinada aparentemente displicente em que recolhe o pomo para dentro da manga. Seu nome é uma homenagem a Rodrigo Plumpton, apanhador do Tornado de Tutashill, que empregou tal movimento em sua famosa captura recorde do pomo em 1921. Embora alguns críticos digam que o movimento foi acidental, Plumpton afirmou até o dia de sua morte que agiu intencionalmente.
Porskoff Ploy (Ardil de Porskoff)
O artilheiro de posse da goles voa para o alto, levando os artilheiros adversários a acreditarem que ele está tentando se livrar deles para marcar, e então atira a goles para outro rtilheiro do seu time que já está à sua espera para agarrá-la. É essencial uma perfeita sincronia de tempo. O nome da manobra é uma homenagem à artilheira russa Petrova Porskoff.
Reverse Pass (Passe Revés)
Um artilheiro lança a goles por cima do ombro para um companheiro de time. É difícil acertar.
Sloth Roll (Giro da Preguiça)
O jogador se pendura por baixo da vassoura, agarrando-se firmemente ao cabo com os pés e as mãos, para evitar um balaço.
Starfish and Stick (Pêndulo Estrela-do-Mar)
Defesa de goleiro em que ele segura a vassoura horizontalmente com uma da mãos, prende o pé no cabo e estica o braço e pernas (veja Fig. G). A Estrela-do-Mar jamais deve ser tentada sem uma vassoura.
Transilvanian Tackle (Faz que Vai da Transilvânia)
Observado pela primeira vez na Copa Mundial de 1473, é a simulação de um soco direto no nariz. Desde que não haja contato o movimento não é ilegal, embora seja difícil evitá- lo quando os dois voadores estão voando em alta velocidade.
Woollongong Shimmy
Aperfeiçoado pelos Guerreiros Woollongong da Austrália, esse shimmy é um movimento de ziguezague em alta velocidade, feito com intenção de desmontar o artilheiro adversário de sua vassoura.
Wronski Feint (Finta de Wronski)
O apanhador dispara em direção ao solo fingindo Ter avistado o pomo lá embaixo, mas se recupera do mergulho antes de atingir o campo. O movimento visa a obrigar o apanhador adversário a imitá- lo e colidir com o chão. Seu nome é uma homenagem ao apanh
Nenhum feitiço inventado até hoje permite aos bruxos voarem apenas com os recursos de sua forma humana. Os poucos animagos que se transformam em animais alados podem voar, mas são raros. A bruxa ou o bruxo que se ver transformado em um morcego pode levantar vôo, mas, possuindo um cérebro de morcego, com certeza vai esquecer aonde queria ir no momento em que deixar o chão. A levitação é uma pratica comum, mas nossos antepassados não se contentaram a planar a um metro e meio do chão. Quiseram mais. Quiseram voar como pássaros, mas sem a inconveniência de Ter o corpo coberto por penas.
Hoje, estamos tão habituados a idéia de que todas as casas de bruxos na Grã-Bretanha dispõem no mínimo de uma vassoura que raramente paramos para perguntar qual é a razão disto. Por que a humilde vassoura iria se transformar no único objeto legalmente aceito como meio de transporte bruxo? Por que nós, no Ocidente, não adotamos o tapete voador tão apreciados pelos nossos irmãos orientais? Por que não preferimos produzir barris voadores, poltronas voadoras, banheiras voadoras - por que vassouras?
Bastante perspicazes para compreender que seus vizinhos trouxas procurariam explorar seus poderes, se conhecessem seu alcance, os bruxos e bruxas ficavam quietos em seus cantos antes mesmo de o Estatuto Internacional de Sigilo a Magias entrar em vigor. Se pretendessem guardar um veículo de transporte em casa, teria de ser algo discreto, fácil de esconder. As vassouras eram ideais para isso; não exigiria explicações nem desculpa se fosse encontrado pelos trouxas, era portátil e de baixo custo. No entanto, as primeiras vassouras enfeitiçadas para voar tiveram os seus senões.
Há registros que os bruxos e bruxas europeus já estavam usando vassouras em 962d.C. Uma iluminura alemã desse período mostra três bruxos desmontando suas vassouras com expressões de mau estar no rosto. Guthrie Lochrin, um bruxo escocês, escreveu em 1107 que teve as "nádegas cravadas de farpas e as hemorróidas inflamadas" depois de um breve vôo de vassoura de Montrose a Arbroath.
Uma vassoura medieval exibida no Museu de Quadribol, em Londres, nos dá uma idéia das razões para o mal-estar de Lochrin (ver Fig. A). Um cabo de freixo nodoso e sem verniz, com gravetos de amendoeira amarrados toscamente a uma ponta, não é nem confortável nem aerodinâmico. Os feitiços lançados sobre as vassouras eram igualmente básicos: ela podia se deslocar apenas para frente e a uma dada velocidade; subia; descia e parava.
Naquele tempo, as famílias bruxas confeccionavam as próprias vassouras, por isso havia uma enorme variação na velocidade, no conforto e no manuseio desse meio de transporte de que dispunham. Por volta do século XII, no entanto, os bruxos já haviam aprendido a trocar serviços entre si, a fazer escambo, de modo que um mestre artesão de vassouras podia trocá- las pelas poções que seu vizinho soubesse preparar melhor que 15 ele. Quando as vassouras se tornaram mais confortáveis, os bruxos passaram a voá- las por diversão e não apenas para de transportar do ponto A ao ponto B.
Os jogos antigos com vassouras
Os esportes com vassouras surgiram assim que as vassouras se aperfeiçoaram o suficiente para permitir aos pilotos fazerem curvas e variar de altitude e velocidade.
Os textos e pinturas mágicos da Antigüidade nos dão uma idéia dos esportes praticados por nossos antepassados. Alguns já não existem; outros sobreviveram e evoluíram até se tornar os esportes que hoje conhecemos.
A famosa Annual Broom Race (Corrida Anual de Vassouras) da Suécia remota ao século X. Os pilotos faziam o percurso Kopparberg-Arjeplog, uma distancia pouco superior a 480 quilômetros. A rota atravessava uma reserva de dragões, e o imenso troféu de prata tem a forma de um Focinho-Curto sueco. Atualmente essa corrida se transformou em um evento internacional, e bruxos de todas as nacionalidades se reúnem em Kopparberg para torcer pelos jogadores à saída e em seguida aparatam até Arjeplo g para cumprimentar os sobreviventes.
O famoso quadro Günther der Gewalttätige ist der Gewinner (Gunther, o violento, é o vencedor) datado de 1105, nos mostra o antigo jogo alemão do Stichstock (Furabexiga).
Colocava-se uma bexiga de dragão, cheia de ar, no alto de uma baliza de seis metros de altura. Um jogador montado em uma vassoura tinha a função de proteger a bexiga. O guarda-bexiga era amarrado à baliza com uma corda passada na cintura, de modo que ele ou ela não podia se afastar mais de seis metros de seu posto. Os demais jogadores se revezavam voando até a bexiga e tentando perfurá- la com o cabo especialmente aguçados de suas vassouras. O guarda-bexiga podia usar a varinha para repelir os atacantes. O jogo terminava quando a bexiga era finalmente perfurada ou quando o guarda-bexiga conseguia azarar todos os oponentes, eliminando-os do jogo, ou ainda quando caíam de exaustão. O jogo do FuraBexiga desapareceu no século XIV.
Na Irlanda floresceu o jogo do Aingingein (Fogaréu), tema de muitas baladas irlandesas (comtam que o lendário bruxo Fingal, o destemido, foi campeão de Fogaréu). Um a um, os jogadores arrebatavam o Dom ou Bola (na realidade, a visícula de um bode) e atravessavam uma série de barris em chama erguidos por estacas. O Dom era, então, atirado através do último barril. O jogador que consegui-se atirá-lo em menos tempo, sem Ter ele mesmo pego fogo no caminho, era o vencedor. A Escócia foi o berço do jogo com vassouras provavelmente mas perigoso de todos - Creaothceann (Rachacrânio). O jogo é descrito em um poema trágico gaélico, Do século XI, cuja a tradução do primeiro verso é a seguinte: Juntos, os jogadores, doze homens de força e coragem,
Caldeirões afivelados, aguardavam em posição
Que a trompa soasse para saírem velozes pelo ar
Mas, dentre eles, dez voavam ao encontro da morte.
Cada jogador do Rachacrânio usava um caldeirão afivelado à cabeça. Ao som da trompa ou do tambor, uma cem pedras e pedregulhos enfeitiçados, que pairavam a uns trinta metros de altura, começavam a cair em direção ao solo. Os jogadores voavam para lá e para cá tentando recolher o maior número de pedras em seus caldeirões. Considerados por muitos bruxos escoceses o supremo teste de virilidade e coragem, o Rachacrânio gozou de popularidade na Idade Média, apesar do grande número de fatalidades que causava. O jogo foi proibido em 1762, e embora Magno McDonald, o Cabeça Amassada, liderasse uma campanha para sua reintrodução da década de 1960, o Ministério Da Magia se recusou a revogar a proibição.
A Shuntbumps (derrubada) foi um jogo popular em Devon, Inglaterra. Era uma forma rústica de justa com o único objetivo de desmontar da vassoura o maior número de possível de jogadores, saindo vencedor o último combatente a permanecer montado.
O Swivenhodge (Malhaporco) começou em Herefordshire. Tal como o FuraBexiga, esse jogo envolvia uma vesícula cheia de ar, em geral de um porco. Os jogadores montavam vassoura de trás para a frente e batiam na bexiga para cá e para lá, por cima de uma sebe, com a palha das vassouras. O jogador que errava marcava um ponta para o time adversário.
O primeiro a acumular cinqüenta pontos era o vencedor. O Malha porco é ainda jogado na Inglaterra, embora nunca tivesse alcançado grande popularidade; a derrubada sobrevive como apenas um jogo infantil. Entrementes, no brejo de Queerditch, surgira um jogo que um dia iria se tornar o mais popular no mundo dos bruxos.
O jogo do brejo de Queerditch
Devemos o nosso conhecimento das rústicas origens do quadribol aos escritos da bruxa Trude Keddle, que viveu às margens do brejo de Queerditch no século XI. Felizmente para nós, ela mantinha um diário, hoje no Museu de Quadribol em Londres. Os trechos citados a seguir foram traduzidos do original saxônio, repletos de erros de ortografia.
Terça- feira. Quente. Aqueles marginais da outra
margem do brejo andaram aprontando outra vez.
Às voltas com aquele jogo idiota montado em vassouras.
Uma bola enorme de couro veio parar na minha horta de
repolhos. Azarei o homem que veio buscá- la. Quero ver
ele voar ajoelhado de trás para a frente, porcão peludo.
Terça- feira. Chuvoso. Entrei no brejo para colher
urtigas. Os idiotas com vassouras jogavam outra vez.
Tem uma bola nova que eles atiram uma para os outros e
tentam acertar em troncos de cada lado do brejo. Uma
brincadeira inútil.
Terça- feira. Ventoso. Gwenog veio tomar chá de
urtigas, depois me convidou para passear. Acabamos
assistindo àqueles retardados jogando o tal jogo do
brejo. O bruxo grandalhão que mora lá no alto
do morro estava lá. Agora jogam com duas pedras
pesadas que voam pelo a e tentam derrubá-los
das vassouras. Infelizmente isso não aconteceu
enquanto eu estava assistindo. Gwenog me contou que,
muitas vezes, até ele participa deste jogo. Voltei para
casa chateada.
Estes excertos nos revelam muito mais do que Trude Keddle poderia ter imaginado, além do fato que ela só conhecia um dia da semana. Em primeiro lugar, a bola que caiu na horta de repolhos era feita de couro, como a moderna goles - com certeza era difícil atirar com precisão a vesícula cheia de ar usadas em outros jogos com vassouras da época, particularmente em dias ventosos. Em segundo lugar, Trude nos infirma que os homens
"tentavam acertar as bolas em troncos em cada lado do brejo" - ao que parece uma forma primitiva de marcar gols. Em terceiro lugar, ela nos permite formar uma vaga idéia dos percursores dos balaços. É interessantíssimo que estivesse presente o tal "bruxo grandalhão escocês". Teria sido um jogador de Rachacrânio? Seria idéia dele enfeitiçar pedras pesadas para faze- las voar ameaçadoramente pelo campo, inspirado nos predegulhos de sua terra natal?
Não encontramos outras menções do esporte praticado no brejo do Queerditch até um século mais tarde quando o bruxo Goodwin Kneen tomou a pena para escrever para seu primo norueguês, Olavo. Kneen vivia em Yorkshire, o que comprova a disseminação do esporte por toda a Grã-Bretanha nos cem anos que decorreramdesde que Trude Keddle o assistia. A carta de Kneen encontra-se nos arquivos do Ministério da Magia Norueguês
Caro Olavo,
Como vai você? Eu estou bem, embora Gunhilda ande com uma cataporazinha de dragão.
Participamos de uma animada partida do jogo do brejo na noite de Sábado, ainda que a coitada da Gunhilda não estivesse se sentindo em condições de jogar como pegadora e tivemos que substituí-la por Radulfo, o ferreiro. O time de Ilkley jogou ainda que não fosse páreo para nós, porque andamos praticando o mês inteiro e marcamos quarenta e dois gols. Radulfo levou um pedraço na testa por que o velho Ugga não foi bastante rápido com a maça. Os novos barris para marcação de gols funcionaram bem.
Três na ponta de cada escada, doados pela Oona da estalagem. Ela nos serviu quentão de graça a noite inteira porque ganhamos a partida. Gunhilda ficou meio aborrecida porque voltei para casa tão tarde. Fui obrigado a me desviar de umas azarações bem ruinzinhas que ela me lançou, mas agora já recuperei meus dedos.
Estou despachando esta carta pela melhor coruja que eu tenho, na esperança de que ela chegue aí.
Seu primo,
Goodwin
Por esta carta podemos avaliar como o jogo havia progredido em um século. A mulher de Goodwin devia Ter jogado de "pegadora" - provavelmente o nome antigo para artilheira. O "pedraço" (sem dúvida o balaço) que atingiu Radulfo, o ferreiro, deveria ter sido rebatido por Ugga, que obviamente devia estar jogando como batedor, pois usava um bastão. Os gols já não eram troncos, mas barris no alto de estacas. No entanto, continuava a faltar um elemento essencial ao jogo: o pomo de ouro. O acréscimo da Quarta bola no jogo só foi ocorrer em meados do século XIII e de maneira curiosa.
A chegada do pomo de ouro
Desde dos primeiros anos da década de 1100, a caça do Golden Snidget (Pomorim D Dourado) gozou de grande popularidade entre bruxos e bruxas. Hoje, esse passarinho (ver Fig. B) é uma espécie protegida, mas naquela época era muito comum no norte da Europa, embora dificilmente visto pelos trouxas, graça a sua habilidade de se esconder e à sua excepcional velocidade.
O tamanho diminuto do Pomorim, aliado à sua notável agilidade no ar e ao seu talento para fugir aos predadores, meramente aumentava o prestigio dos bruxos que o capturavam. Uma tapeçaria do século XII, conservada no museu do quadribol, mostra um grupo saindo a caça do Pomorim. No primeiro trecho da tapeçaria alguns bruxos carregam redes, outros empunham varinhas e ainda outros tentavam pegar o passarinho apenas com as mãos. A tapeçaria revela que o passarinho era muitas vezes esmagado pelo caçador. No último trecho da tapeçaria vemos o bruxo que o capturou recebendo uma bolsa de ouro.
A caça ao Pomorim Dourado era censurável por muitas razões. Todo bruxo de bom senso deve lamentar a destruição desses passarinhos amantes da paz em nome do esporte. Além disso, sua caça era em geral praticada em plena luz do dia, o que permitia trouxas avistarem mais vassouras voadoras do que em qualquer outra atividade bruxa. O Conselho de Bruxo da época, porém, não conseguia reduzir a popularidade do esporte - parecia mesmo que o Conselho não considerava o esporte censurável, como veremos mais adiante. A caça do Pomorim dourado finalmente cruzou o caminho do jogo do Brejo em 1269 numa partida que estava presente o próprio chefe do Conselho de Bruxos, Barbero Bragge.
Conhecemos o episódio pelo testemunha da Madame Modéstia Rabnott de Kent enviado a sua irmã, Prudência, em Aberdeen (carta que também se encontra em exibição no Museu de Quadribol). Segundo Madame Rabnott, Bragge levou ao jogo uma gaiola com um Pomorim e anunciou aos jogadores reunidos que daria um prêmio de cento e cinqüenta galeões (equivalentes a mais de um milhão de galeões hoje - se Bragge tinha a intenção ou não de pagar já era outra história) ao jogador que capturasse o passarinho durante a partida. Madame Rabnott explica o que aconteceu a seguir: Os jogadores levantaram vôo como se fossem um só homem, desprezando a goles e os pedraços. Os dois abandonaram as cestas e se juntaram a caçada. O coitadinho do Pomorim voava para cima e para baixo tentando achar um jeito de escapar, mas os bruxos que assistiam o obrigavam a voltar com Feitiços Repelentes. Bom, Pru, você sabe o que eu penso a respeito da caça ao Pomorim e sabe o que acontece quando eu perco a paciência. Corri para o campo e berrei: "Chefe Bragge, isto não é esporte! Liberte o Pomorim e nos deixe ver o nobre jogo do brejo que todos vieram ver!" Mas acredite, Pru, o bruto apenas riu e atirou a gaiola vazia em mim. Bom, aí eu vi vermelho, Pru, sem a menor dúvida. Quando o coitadinho do Pomorim voou em minha direção, executei um Feitiço Convocatório. Você sabe que meus feitiços convocatórios são bons, Pru - claro que foi mais fácil eu fazer pontaria porque não estava montada em uma vassoura no momento/. O passarinho disparou para dentro da minha mão. Enfiei-o dentro das vestes e corri feito loca.
Bom, ele me alcançaram, mas não antes de eu Ter me distanciado do público e libertado o Pomorim. O Chefe Bragge ficou muito zangado e, por um momento, pensei que ia me transformar em um sapo chifrudo ou pior, mas felizmente os assessores dele o acalmaram e eu só recebi uma multa de dez galeões por interromper a partida.
Naturalmente, nunca possuí dez galeões na vida, por isso lá se foi minha velha casa. Em breve irei morar com você, mas me dou por feliz por que pelo menos não me tenham confiscado o hipogrifo. Eu vou lhe confessar mais uma coisa, Pru, o chefe Bragge teria perdido o meu voto se eu tivesse o direito de votar.
Sua irmão que muito a ama,
Modéstia
A atitude corajosa de Madame Rabnott pode Ter salvado um Pomorim, mas não pôde salvar todos. A idéia do chefe Bragge mudou para sempre a natureza do jogo do Brejo.
Não tardou muito e passaram a soltar Pomorins Dourados em todas as partidas de Quadribol, e um único jogador de cada time (o caçador) recebeu a tarefa exclusiva de apanhá- lo. Quando a ave era morta o jogo acabava e o time do caçador ganhava cento e cinqüenta pontos a mais para lembrar os cento e cinqüenta galeões prometidos pelo chefe Bragge. Os espectadores se encarregavam de manter o Pomorim em campo por meio de Feitiços Repelentes mencionados por Madame Rabnott.
Em meados do século seguinte, porém, o número de Pomorins Dourados de reduzira de tal modo que o Conselho de Bruxos, então presidido por Elfrida Clagg, que era uma bruxa muito mais esclarecida, declarou o Pomorim Dourado uma espécie protegida, proibindo tanto a sua caça quanto o seu uso em jogos de Quadribol. Fundaram o Santuário do Pomorim Modéstia Rabnott, em Somerset, e procuraram freneticamente um substituto para o passarinho de forma a permitir a continuação do jogo do Brejo.
Credita-se a invenção do Pomo de Ouro ao bruxo Bowman Wright de Godric's Hollow. Enquanto os times do jogo do Brejo em todo país tentavam encontrar um passarinho para substituir o Pomorim, Wright, que era um competente encantador de metais, mergulhou em uma tarefa de criar uma bola que imitasse o comportamento e os padrões de vôo do Pomorim. É absolutamente obvio que ele foi bem-sucedido pelos muitos rolos de pergaminho que nos deixou antes de morrer (hoje em poder de um colecionador particular), nos quais registra as muitas encomendas que recebeu em todo o país. O Pomo de Ouro, nome que Bowman deu a sua Criação, era uma bola do tamanho de uma noz com o peso exato de um Pomorim. Suas asas prateadas foram dotadas com juntas rotativas como as do passarinho, que lhe permitia mudar de direção com a velocidade de um relâmpago e a precisão de um modelo vivo. Ao contrario de um Pomorim, no entanto, o Pomo fora enfeitiçados para ficar dentro dos limites do campo. Podemos dizer que a introdução do Pomo de Ouro encerrou o processo iniciado trezentos anos antes no brejo de Queerditch. Nascia realmente o Quadribol.
Precauções antitrouxas
Em 1398 o bruxo Zacarias Mumps redigiu a primeira descrição completa do Quadribol. E Ele começou por enfatizar necessidade de se estabelecerem medidas de segurança antitrouxas durante a realização dos jogos: "Escolham áreas de charnecas desertas, longe das habitações dos trouxas, e tomem medidas para não serem vistos depois de decolar com suas vassouras. Os feitiços de repelir trouxas são úteis se alguém pretende construir um campo permanente. É igualmente aconselhável que se jogo à noite."
Deduzimos que os excelentes conselhos de Mumps não foram seguidos porque, em 1362, o Conselhos dos Bruxos proibiu a pratica do Quadribol em um raio de oitenta quilômetros das cidades do país. Era evidente que a popularidade do jogo estava crescendo porque o Conselho achou necessário emendar a lei de 1368 tornando ilegais os jogos a menos de cento e sessenta quilômetros de uma cidade. Em 1419, o Conselho publicou o decreto, cujo texto se tornou famoso, determinando que o Quadribol não deveria ser jogado "próximo a lugar algum que haja a mínima possibilidade de ser assistido por um trouxa ou veremos com que perícia o infrator jogará acorrentado à parede de uma masmorra".
Conforme todo bruxo em idade escolar sabe, o fato de voarmos em vassouras provavelmente o nosso segredo mais mal guardado. Nenhuma ilustração de bruxas feita por trouxas está completa sem uma vassoura e, por mais absurdo que sejam tais desenhos (porque as vassouras representada se sustentaria no ar sequer por um instante), eles nos lembram que fomos descuidados durante séculos demais e não devemos nos surpreender que vassouras e magia estejam indissoluvelmente ligados na cabeça dos trouxas.
As medidas de segurança necessárias não entraram em vigor até o Estatuto de Sigilo em Magia tornar os Ministérios da Magia nacionais diretamente responsáveis pelas conseqüência dos esportes praticados em seu território. Disso decorreu, na Grã-Bretanha, a criação do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Os times de Quadribol que desrespeitavam as a diretrizes do ministério eram obrigadas a se dissolver.
O caso mais famoso de dissolução foi o dos Rojões de Banchory, um time escocês notório não somente por sua imperícia no Quadribol quanto pelas festas que davam após os jogos. Depois que jogou em 1814 contra os Flechas de Appleby (veja Capítulo 7), os Rojões não só deixaram seus balaços se perderem no céu como saíram para capturar um dragão negro das Hébridas para adotar como mascote do time. Os representantes do Ministério da Magia os surpreenderam quando sobrevoavam Inverness, e os Rojões de Banchory nunca mais tornaram a jogar. Nos dias atuais, os times de Quadribol não jogam em suas sedes, mas viajam até campos construídos pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, nos quais foram adotas mediadas de segurança antitrouxas permanentes. Conforme Zacarias Mumps sugeria tão sensatamente, há seiscentos anos, os campos de Quadribol são mais seguros em charnecas desertas.
Mudanças no Quadribol a partir do Século XIV
Campo Zacarias Mumps conta que o campo do século XIV era um ovóide, de cento e cinqüenta e dois metros de comprimento por cinqüenta e cinco de largura, com uma pequena área circular de aproximadamente sessenta centímetros de diâmetro ao centro. Ele conta, ainda, que o juiz (ou quijuiz, como era conhecido então, fosse homem ou mulher) levava as quatro bolas ao circulo central rodeado pelos quatorze jogadores. No momento em que as bolas eram liberadas (a goles era atirada pelo juiz - veja "Goles" mais adiante), os jogadores levantavam vôo a toda velocidade. No tempo de Mumps, os gols eram marcados em enormes cestas presas no alto de postes, Em 1620, Quíntio Umfraville escreveu um livro intitulado O Nobre Esporte dos Bruxos, no qual havia um diagrama do século XVII Nele vemos o acréscimo do que hoje conhecemos com "pequena área" em cada extremidade do campo. As cestas no alto dos postes eram muito menores e mais altitudes do que no tempo de Mumps. Por volta de 1883 as cestas deixaram de serem usadas para a marcação de gols e foram substituídas pelas balizas que hoje usamos, uma inovação noticiada pelo Profeta Diário da época (veja adiante). A partir daí o campo de Quadribol não sofreu nenhuma mudança.
Devolvam as nossas cestas!
Era o que gritavam os jogadores de Quadribol em todo país, ontem à noite, quando se tornou evidente que o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos decidira queimar as cestas usadas a séculos no Quadribol para a marcação de gols.
"Não vamos queimar as cestas, não exagerem", disse um represente do Departamento com ar irritadiço à noite passada quando lhe pediram que comentasse a notícia. "As cestas, como vocês devem Ter observado, são fabricadas em diferentes tamanhos. Constatamos que é impossível padronizar o tamanho das cestas de modo a igualar as balizas de gol em toda a Grã-Bretanha. Sem dúvida vocês são capazes de perceber que é uma questão de justiça. Quero dizer, há um time nas proximidades de Barnton que prende cestas minúsculas às balizas do time adversário, em que não se consegue acertar nem uma uva. Em contraposição, nas balizas deles há verdadeiras cavernas de vime balançando para lá e para cá. Não é direito. Definimos aros de tamanhos fixos e já está decidido. De forma certa e justa." Nesse momento, o representante do Departamento foi obrigado a se retirar sob uma saraivada de cestas atiradas por manifestantes furiosos que se aglomeravam no saguão.
Embora duendes agitadores tenham levado a culpa pelo tumulto que se seguiu, não resta dúvida que esta noite os fãs de Quadribol em toda a Grã-Bretanha estão chorando o fim do jogo que conhecíamos. "Não vai ser a mesma coisa sem as cestas", disse com tristeza um velho bruxo de bochechas redondas e coradas. "Eu me lembro de que quando era rapaz, constumávamos atear fogo nas cestas durante as partidas só para nos divertir. Não se pode fazer isso com os aros. Acabaram com a metade da graça."
Profeta Diário, 12 de fevereiro de 1883
Os Balaços
Os primeiros balaços (ou "pedraços") eram, como vimos, pedras voadoras, na época de Mumps, tinham sido meramente desbastadas para assumirem uma forma arredondada.
Apresentavam, porém, uma importante desvantagem: podiam ser quebradas pelas massas magicamente reforçadas dos batedores do século XV, caso em que todos os jogadores passavam a ser perseguidos pelos fragmentos de pedra pelo resto da partida.
Provavelmente deve ter sido esta razão de alguns times de Quadribol começaram a experimentar balaços de metal no início do século XVI. Ágata Chubb, especialista em artefatos mágicos antigos, já identificou nada menos que doze balaços de chumbo desse período, encontrados tanto em turfeiras quanto em Brejos ingleses. "São, sem a menor dúvida, balaços e não balas de canhão", escreve ela. As leves mossas dos bastões magicamente reforçados usados pelos batedores são visíveis bem como as marcas inconfundíveis da manufatura bruxa (em oposição à trouxa) - a lisura da curvatura, a perfeita simetria. Um fato decisivo foi que cada um dos espécies voou pelo meu escritório e tentou me derrubar no chão quando sua caixa foi aberta.
Com o tempo, os bruxos descobriram que o chumbo era demasiadamente macio para a fabricação de balaços (qualquer mossa deixada nele afetava sua capacidade de voar em linha reta). Atualmente eles são feitos de ferro e têm vinte e cinco centímetros de diâmetro.
Os balaços são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá- los. Se permitirmos que ajam livremente, eles atacarão o jogador mais próximo, donde a tarefa do batedor é rebater os balaços para o mais longe possível de seu próprio time.
O Pomo de Ouro
O Pomo de Ouro tem o tamanho de uma noz tal qual o Pomorim Dourado. É enfeitiçado para fugir da captura o maior tempo possível. Cantam que ouve um Pomo de Ouro que fugiu à captura durante seis meses na charneca de Bodmin em 1884 até que os dois times desistiram, desgostosos com a imperícia dos seus respectivos apanhadores. Os bruxos da Cornualha que conhecem aquela charneca insistem ainda hoje que o Pomo continua a vagar ali em estado selvagem, embora eu não tenha conseguido confirmar a história.
Segundo Zacarias Mumps, o goleiro deve ser o primeiro a chegar as cestas do gol, uma vez que é sua função impedir que a goles entre. O goleiro deve ter o cuidado de não se afastar demais para o lado do campo adversário para impedir que suas cestas sejam ameaçadas durante sua ausência. Contudo, um goleiro veloz pode marcar um gol e voltar às cestas em tempo de impedir que o outro time empate. Cada goleiro deve decidir individualmente como agir.
Nesse texto, Mumps deixa claro que, em seu tempo, os goleiros desempenhavam a função de artilheiros assumindo outras responsabilidades. Podiam se deslocar por todo o campo e marcar gols.
Na época que Quíntio Unfraville escreveu O Nobre Esporte dos Bruxos, em 1620, as funções do goleiro tinham sido simplificadas. Foram acrescentadas pequenas áreas ao campo e os goleiros eram aconselhados a permanecer dentro delas, guardando as cestas do gol, embora pudessem se afastar numa tentativa de intimidar os artilheiros adversários ou impedir antecipadamente suas jogadas.
Os Batedores
Os deveres dos Batedores mudaram muito pouco através dos séculos e é provável que eles tenham existido desde a introdução dos balaços. Sua primeira tarefa é proteger os jogadores de seu time dos balaços, o que eles fazem com auxílio de bastões. Os batedores nunca foram marcadores de gols, nem há qualquer indicação de que tenham usado a goles.
Esses jogadores precisam de grande força física para repelir os balaços. Portanto, sua posição, mais do que qualquer outra, em geral é ocupada por bruxos em vez de bruxas. Os batedores precisam ainda possuir um grande senso de equilíbrio, porque, por vezes, torna-se necessário soltarem as duas mãos da vassoura para rebater um balaço com ambas.
Os Artilheiros
Artilheiro é a posição mais antiga do Quadribol, pois outrora o jogo inteiro consistia em marcar gols. Eles atiram a goles um para o outro e marcam dez pontos todas vezes que conseguem passá-la por dentro dos aros do gol.
A única mudança significativa nesta função ocorreu em 1884, um ano antes da substituição das cestas por aros de gol. Foi introduzida uma nova regra pela qual somente o artilheiro que estivesse carregando a goles podia penetrar na pequena área. Se mais de um artilheiro entrasse, o gol seria impedido. Tal regra destinava-se a banir a "escada", uma jogada em que dois artilheiros entram na pequena área e empurram o goleiro para o lado, deixando o aro do gol desimpedido para um terceiro artilheiro marcar o gol. A reação a essa nova regra foi noticiada no Profeta Diário da época.
O Apanhador
Em geral os pilotos mais leves e mais velozes, os apanhadores precisam ter a visão aguçada e a habilidade de voar usando apenas uma das mão ou nenhuma. Dada a sua imensa importância no resultado global da partida, pois a captura do pomo muitas vezes arranca a vitória das garras da derrota, os apanhadores são alvos do maior número de faltas dos jogadores do time adversário. De fato, embora um imenso charme envolva a posição de apanhador, porque são tradicionalmente os melhores pilotos em campo, eles são também os jogadores que recebem as piores contusões. "Tire o apanhador de campo" é a primeira regra em A bíblia do batedor, escrita por Bruto Scrimgeour.
Regras
As seguintes regras foram estabelecidas pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos por ocasião de sua criação em 1750:
1. Embora não haja limitação à altitude a que um jogador ou uma jogadora podem voar durante uma partida, ele ou ela não podem deixar os limites do campo. Se um jogador ultrapassar esses limites, seu time deverá entregar a goles ao time adversário.
2. O capitão do time pode pedir "tempo" fazendo um sinal ao juiz da partida. Esse é o único momento que é permitido aos jogadores encostarem os pés no solo durante a partida. O tempo solicitado pode ser prorrogado até duas horas se uma partida já durou mais de doze horas. Decorrido esse tempo, se um time não retornar ao campo será desclassificado.
3. O juiz poderá aplicar penalidades contra um time. O artilheiro que vai cobrá- la deverá voar do círculo central para a pequena área. Os demais jogadores, exceto o goleiro adversário, devem se manter bem afastados enquanto a penalidade é cobrada.
4. A goles pode ser roubada das mãos de outro jogador, mas em circunstância alguma um jogador poderá tocar em qualquer parte da anatomia do outro.
5. Em caso de contusão, nenhum jogador será substituído. O time continuará a partida sem o jogador contundido.
6. É permitido levar varinhas para o campo *, que, no entanto, não poderão ser usadas em circunstância alguma contra os jogadores do time adversário, as vassouras do time adversário, o juiz ou contra quaisquer das bolas ou espectador.
7. Uma partida de Quadribol só terminará quando o pomo de ouro for capturado ou por consentimento mútuo dos capitães dos dois times.
*O direito de sempre portar uma varinha foi estabelecida pela Confederação Internacional dos Bruxos em 1692, quando a perseguição dos trouxas contra eles atingiu o auge e os bruxos planejaram se refugiar em esconderijos.
Faltas
A regras naturalmente "foram feitas para serem desobedecidas". O Departamento de Jogos e Esportes Mágicos registra setecentas faltas em quadribol e sabe-se que todas ocorreram durante a final da primeiríssima Copa Mundial em 1473. Sua lista completa, porém, nunca foi divulgada. Na opinião do Departamento, os bruxos e bruxas que vissem a lista poderiam "Ter idéias".
Por sorte tive acesso aos documentos referentes às faltas, ao pesquisar para este livro, e estou em posição de confirmar que o público em nada se beneficiaria coma a sua divulgação. Em todo o caso, noventa por cento das faltas arroladas são impossíveis de praticar, enquanto estiver em vigor a proibição (imposta em 1538) de usar varinhas contra o time adversário. Os dez por cento restantes, posso afirmar com segurança, em sua maioria, não ocorreriam nem aos jogadores mais desleais; por exemplo, "tocar fogo na cauda da vassoura do adversário", "atacar a vassoura do adversário com uma maça", "atacar um adversário com uma machado". Não queremos com isso dizer que os jogadores modernos de quadribol jamais infrinjam regras. Listamos a seguir dez faltas mais comuns.
O termo correta para as mesmas, em quadribol, encontrasse na primeira coluna.
Nome
Aplicável a Descrição
Mutretar
Todos os jogadores
Segurar a cauda da vassoura do
adversário para retardá-lo ou atrapalhá- lo.
Trombar
Todos os jogadores Voar com intenção de colidir.
Guidonar
Todos os jogadores Engatar os cabos das vassouras visando a desviar o adversário do seu curso.
Catimbar batedores apenas
Rebater o balaço para as arquibancadas, obrigando as autoridades a acorrer para roteger o público. Por vezes a manobra é usada por jogadores inescrupulosos para impedir o artilheiro adversário e marcar um gol.
Acotovelar
Todos os jogadores
Uso excessivo de cotoveladas nos adversários.
Bloquear
Goleiro apenas
Enfiar qualquer parte da anatomia no aro do gol para empurrar a goles para fora.
A função do goleiro é bloquear o aro pela parte da frente e não por trás.
Conduzir
Artilheiros apenas
Manter a mão na goles enquanto ela atravessa o aro do gol (a gole deve ser atirada).
Furar a goles
Artilheiros apenas
Danificar a goles, isto é, furá- la para que caia mais rápido ou em ziguezague.
Roubar o pomo
Todos os jogadores, Qualquer jogador, exceto o apanhador, exceto o apanhador que toque ou capture o pomo de ouro.
Fazer escada
Artilheiros apenas
Mais e um artilheiro penetrar na equena área.
Juizes
No passado, arbitrar uma partida de Quadribol era uma tarefa apenas para os bruxos e bruxas mais corajosos. Zacarias Mumps conta que um árbitro de Norfolk, chamado Ciprião Youdle, faleceu em 1357 durante um amistoso entre bruxos locais. O autor da maldição nunca foi apanhado, mas se acredita que foi um espectador. Embora não tenha havido nenhum assassinato comprovado de juizes desde então, houve várias ocorrências de adulteração de vassouras através dos séculos, a mais perigosa tendo sido a transformação da vassoura do juiz em uma chave de portal de modo a fazê- lo abandonar a partida no meio e reaparecer meses depois no deserto do Saara. O Departamento de Jogos e Esportes Mágicos baixou rigorosas diretrizes sobre as medidas de segurança a serem aplicadas às dos jogadores e, hoje em dia, tais incidentes são, felizmente, muito raros.
O juiz de Quadribol eficiente precisa ser mais do que um piloto excepcional. Ele ou ela precisa observar as manobras de catorze jogadores ao mesmo tempo, donde a contusão mais comum de um juiz é, conseqüentemente, o torcicolo. Nas partidas profissionais, o árbitro conta com dois assistentes que vigiam os limites do campo para garantir que nem os jogadores nem as bolas ultrapassem o perímetro exterior.
Na Grã-Bretanha, os juizes de Quadribol são selecionados pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Eles são submetidos a rigorosos testes de vôo e a um minucioso exame escrito sobre as regras do Quadribol além de comprovarem por meio de testes intensivos que não irão azarar nem enfeitiçar jogadores agressivos mesmo sobre ext rema pressão.
Times de Quadribol da Grã -Bretanha e da Irlanda
A necessidade de manter o jogo de quadribol secreto para trouxas significa que o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos precisou limitar o número de partidas jogadas a cada ano. Embora os jogos amadores sejam permitidos, desde que as diretrizes estabelecidas sejam cumpridas, o número de times de Quadribol profissional foi limitado a partir de 1674 quando foi organizada a Liga de Quadribol. À época, o Departamento selecionou os treze melhores times de Quadribol da Grã-Bretanha e da Irlanda para tomarem parte da Liga e solicitou que todos os outros se dispensassem. Os treze times continuam a competir todos os anos pela Taça da Liga.
Appleby Arrows (Flechas de Appleby)
Esse time do norte da Inglaterra foi fundado em 1612. Eles usavam vestes azul-clara com o brasão de uma flecha prateada. Os fãs dos Flechas irão concordar que a hora mais gloriosa do time foi aquela em que derrotaram, em 1932, o time campeão da Europa, os Abutres de Vratsa, em uma partida que durou dezesseis dias sob chuva e denso nevoeiro. O velho hábito dos torcedores de clube de atirar flechas para o auto com suas varinhas, todas as vezes que seus artilheiros marcavam um gol, foi proibido pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos em 1894 quando um desses artefatos perfurou o nariz do juiz Nugento Potts. Há uma rivalidade tradicional entre os Flechas e as Vespas de Wimbourne, como veremos mais adiante.
Ballycastle Bats (Morcegos de Ballycastle)
Até o momento , o time de quadribol mais famoso da Irlanda do Norte ganhou a Taça da Liga um total de vinte e sete vezes, e se tornou o segundo time mais bem sucedido na historia da Liga. Os Morcegos usam vestes pretas com um morcego vermelho estampado no peito. Sua mascote famosa, um morcego frutívoro de nome Barny, é também muito conhecida por aparecer nos anúncios de cerveja amanteigada (Barny diz: Morcegar só com cerveja amanteigada!)
Caerphilly Catapults (Catapultas de Caerphilly)
O Catapultas do País de Gales, que se formo em 1402, usa vestes com listras verde-claras e vermelhas. A respeitável historia do clube inclui dezoito vitórias em campeonatos da Liga e um famoso triunfo na final da Taça Européia, em 1956, quando derrotou o time norueguês dos Papagaios de Karasjok. A trágica perda de seu jogador mais famoso, "Daí" Llewellyn, o Perigoso, devorado por uma Quimera quando passava as férias em Mykonos, na Grécia, levou à decretação de um dia de luto nacional entre os bruxos e bruxas galesas.
A Medalha Comemorativa de Daí, o Perigoso, é atualmente concedida no fim da temporada ao jogador da Liga que tiver se exposto aos riscos maiores e mais eletrizantes durante uma partida.
Chudley Canoas (Canhões de Chudley)
Muitos consideram que os dias de gloria dos Canhões de Chudley já terminaram, mas seus leais fãs vivem na esperança de renascimento. O Canhões ganhou a Taça da Liga vinte e uma vezes, a última em 1892, e seu desempenho no ultimo século foi totalmente medíocre.
O Canhões de Chudley usa vestes laranja- vivo com um brasão em que há uma bala de canhão em movimento e um "C" preto duplo. O lema do clube foi mudado em 1972 de
"Nós venceremos" para "Vamos fazer figa e esperar o melhor".
Falmouth Falcons (Falcões de Falmouth)
O Falmouth Falcons (Falcões de Falmouth) usa vestes nas cores branco e cinza-chumbo com a cabeça de um falcão estampado no peito. O time é conhecido pelo jogo duro, uma reputação consolidada por seus batedores mundialmente famosos, Kevin e Carlos Broadmoor. Os dois jogaram pelo clube de 1958 a 1969 e suas faltas resultaram em nada menos que catorze suspensões aplicadas pelo Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
O lema do clube: "Vamos vencer, mas se não pudermos, arrebentaremos o adversário!"
Holyhead Harpies (Harpias de Holyhead)
O Ho lyhead Harpies (Harpias de Holyhead) é um time galês muito antigo (fundado em 1203), único entre os times de Quadribol do mundo, porque sempre foi formado apenas por bruxas. As vestes do Harpias são verde-escuras e têm uma garra dourada no peito. A derrota infligida pelo Harpias aos Gaviões de Heidelberg em 1953 é considerada, pela maioria dos entendidos, um das melhores partidas de Quadribol a que já se assistiu. Com a duração de sete dias, o jogo foi encerrado com a espetacular captura do pomo pela apanhadora do Harpias, Dulce Griffiths. O capitão do Gaviões, Rodolfo Brand, num gesto que se tornou famoso, desmontou da vassoura no final da partida e pediu em casamento a capitã do time adversário, Gwendolyn Morgan, que o surrou com a sua Cleansweep Five.
Kenmare Kestrels (Francelhos de Kenmare)
Esse time irlandês foi fundado em 1291 e é mundialmente aplaudido pelas exibições animadas de suas mascotes leprechauns (duendes irlandeses) e pelas excelentes audições de harpa dos seus torcedores. Os Francelhos usa vestes verde-esmeralda com um "F" e um "K" amarelos rebatidos sobre o peito. Darrem O'Hare, goleiro do Francelhos de 1947 a 1960, foi capitão da equipe nacional irlandesa três vezes e é considerado o inventor da Formação Ataque Cabeça-de-falcão para artilheiros
Montrose Magpies (Pegas de Montrose)
O Magpies (Pegas) é o time de maior sucesso na história da Liga Britânica e Irlandesa, cuja taça eles ganharam trinta e duas vezes. Duas vezes campeão europeu, o Pegas tem fãs no mundo inteiro. Seus muitos jogadores excepcionais incluem a apanhadora Eunice Murray (falecida em 1942), que certa ocasião pediu que inventassem "um Pomo de Ouro mais veloz porque o que existe é fácil demais", e Hamish MacFarlan (capitão de 1957-68), que continuou a sua bem-sucedida carreira no Quadribol como chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, função que desempenhou brilhantemente. O
Pegas usa vestes nas cores preta e branca com uma pega estampada no peito e outra nas costas.
Pride of Portree (Orgulho de Portree)
Este time tem origem na Ilha de Skye onde foi fundado em 1292. O "Orgulho", como é conhecido por seus fãs, usa vestes roxo-escuras com uma estrela dourada no peito. Sua mais famosa artilheira, Catarina McCormack, capitaneou o time na conq uista de duas Taças da Liga na década de 1960 e jogou pela Escócia trinta e seis vezes. Sua filha Meaghan joga atualmente como goleira no Orgulho. (Seu filho Kirley é o principal guitarrista na popular banda bruxa As Esquisitonas.)
Puddlemere United (União de Puddlemere)
Fundado em 1163, o Puddlemere United (União de Puddlemere) é o time mais velho da Liga. Puddlemere tem seu a credito vinte e dois campeonatos da Liga e duas Taças Européias. O hino do time, "Rebatam esses balaços, rapazes, e jogue essa goles para cá", foi recentemente gravado pela cantora bruxa Celstina Warbeck para angariar fundos para o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Os jogadores do Puddlemere usam vestes azul- marinho com o emblema do clube, dois juncos dourados cruzados sobre o peito.
Tutshill Tornados (Tornados de Tutshill)
O Tornado usa vestes azul-celeste com um "T" duplo, azul-escuro, no peito e nas costas. Fundado em 1520, o Tornados teve o seu período de maior sucesso do inicio do século XX quando, capitaneado pelo apanhador Rodrigo Plumpton, ganhou a Taça da Liga cinco vezes seguidas, um recorde britânico e irlandês. Rodrigo Plumpton jogou como apanhador pela Inglaterra vinte e duas vezes e detém o recorde britânico pela captura mais rápida de um Pomo de Ouro em uma Partida (três segundos e meio contra o Catapultas de Caerphilly em 1921).
Wigtown Wanderes (Vagamundos de Wigtown)
Esse clube de Borders foi fundado, em 1422, pelos sete filhos e um açougueiro bruxo chamado Válter Parkin. Os quatro irmãos e três irmãs formavam em todos os sentidos um time fantástico que raramente perdia um jogo, dizia-se que, em parte, pela intimidação que o time adversário sofria ao ver Válter postado a um lado do campo com uma varinha em uma das mãos e o cutelo de açougueiro na outra. Através dos séculos há um descendente dos Parkin no time de Wigtown, cujos jogadores usam veste vermelho-sangue com um cutelo prateado no peito.
Wimbourne Wasps (Vespas de Wimbourne)
O Wimbourne Wasps (Vespas de Wimbourne) usa vestes com listras horizontais amarelas e pretas com uma vespa no peito. Fundado em 1312, os Vespas venceu dezoito vezes o campeonato da Liga e foi duas vezes semifinalista da Taça da Europa. Acredita-se que seu nome vem de um incidente desagradável que ocorreu durante uma partida contra o Flechas de Appleby em meados do século XVII na qual um batedor, ao passar voando por uma árvore no perímetro do campo, notou um ninho de vespas entre os galhos e arremessou-o com uma bastonada em direção ao apanhador do Flechas; este teve mordidas tão numerosas que precisou se retirar da partida. Wimbourne venceu e dali em diante adotou a vespa como seu emblema de sorte. Os faz do Vespas (também conhecidos como "ferrões") tradicionalmente zumbem alto para distrair os artilheiros adversários que estão cobrando faltas.
A invenção da vassoura de corrida
Até princípios do século XIX, o Quadribol era jogado em vassouras comuns de qualidade variável. Tais vassouras representava, um enorme progresso com relação às suas antecessoras medievais; a invenção do Feitiço Amortecedor por Elliot Smethwyck, em 1820, contribuiu muitíssimo para tornar as vassouras mais confortáveis do que nunca (veja Fig. F). Mas, de um modo geral, as vassouras do século XIX não tinham potência para atingir grande velocidade e eram muitas vezes difíceis de controlar a altitudes elevadas. Além disso, elas eram, na maioria das vezes, produzidas por bruxos artesãos à mão e, embora fossem admiráveis do ponto de vista de estilo e requinte, seu desempenho raramente estava à altura de sua bela aparência. Um bom exemplo é a Oakshaft 79 (assim chamada por ter sido criada em 1879). Produzida pelo vassoureiro Elias Grimstone, de Portsmouth, a Oakshaft é uma bela peça, com um grosso cabo de carvalho, projetada para grande autonomia de vôo e resistência aos ventos de altitude. Hoje a Oakshaft é uma vassoura de época muito apreciada, mas as tentativas de usá- la para jogar Quadribol nunca foram bem sucedidas. Excessivamente pesada nas curvas em alta velocidade, jamais gozou de popularidade entre os jogadores que preferiam a agilidade à segurança, mas será sempre lembrada como a vassoura em que Jocunda Sykes fez a primeira travessia do Atlântico em 1935.(Até então, os bruxos preferiam viajar de navios, em vez de confiar em vassouras para vencer longas distâncias. A aparatação torna-se tanto menos confiável quanto maior for a distancia e é uma imprudência, exceto para bruxos de grande perícia, tentar usá-la para cruzar continentes.)
A Moontrimmer, criada por Gladis Boothby em 1901, representou um salto de qualidade na construção de vassouras e, por algum tempo, houve uma grande demanda dessas peças finas com cabos de freixo. A principal vantagem da Moontrimmer sobre outras era sua capacidade de atingir altitudes mais elevadas do que as existentes (e permanecer controlável a tais altitudes). Gladis Boothby, porém, não teve capacidade de produzir Moontrimmers na quantidade exigida pelos jogadores de Quadribol. O lançamento de uma nova vassoura, a Silver Arrow, chegou em boa hora e foi a verdadeira precursoras da vassoura de corrida, alcançando velocidade muitos maiores do que a Moontrimmer ou a Oakshaft (até cento e doze quilômetros por hora com o vento de cauda), mas, como as anteriores, foi trabalho de um único bruxo (Leonardo Jewkes) e a demanda novamente ultrapassou a produção.
A solução surgiu em 1926 quando os ir mãos Roberto, Guilherme e Barnabé Ollerton abriram a Companhia de Vassouras Cleansweep. Seu primeiro modelo, a Cleansweep One, foi produzido em quantidade jamais vista e comercializada como uma vassoura de corrida especificamente projetada para uso esportivo. A Cleansweep teve um sucesso instantâneo e irrefreável, fazia curvas como nenhuma vassoura fizera antes e, em um ano, todos os times de Quadribol do país estavam montando Cleansweeps Os irmãos Ollerton, porém, não continuaram a dominar o mercado de vassouras de corrida por muito tempo. Em 1929, uma Segunda companhia de vassouras de corrida foi fundada por Randolfo Keitch e Basílio Horton, ambos jogadores do Falcões de Falmouth.
A primeira vassoura da Companhia de Comércio Comet foi a Comet 140, por ter sido esse o número de modelos testados por Keitch e Horton antes do seu lançamento. O Feitiço de Freagem patenteado pelos dois diminuiu a probalidade dos jogadores de Quadribol fazerem lançamentos além das balizas ou voar fora dos limites do campo, e, em conseqüência, a Comet se tornou a vassoura preferida de muitos times britânicos e irlandeses.
Quando a concorrência entre a Cleansweep e a Comet se tornou mais intensa, acentuada pelo lançamento das Cleansweep Two e Three, e a Comet 180 em 1938, outros fabricantes de vassouras foram surgindo por toda Europa.
A Tinderblast, foi lançada no mercado em 1940. Produzida por uma companhia na Floresta Negra, a
Ellerby e Spudmore, a Tinderblast é uma vassoura de excepcional flexibilidade, embora jamais tenha atingido as velocidades superiores das Comets e Cleansweeps. Em 1952, a Ellerby e Spudmore lançou um novo modelo, a Swiftstick. Mais veloz que a Tinderblast, a Swiftstick, no entanto, tinha uma tendência a perder potência durante a subida e nunca foi usada por times profissionais de Quadribol.
Em 1955, a Universal Vassouras Limitada apresentou a Shooting Star, a vassoura de corrida mais barata até o presente momento. Infelizmente, depois de uma explosão inicial de popularidade, constatou-se que a Shooting Star perdia velocidade e altura à medida que envelhecia, e a Universal Vassouras fechou as portas em 1978.
Em 1967, porém, o mundo das vassouras foi eletrizado pela formação da Companhia Nimbus de Vassouras de Corrida. Nunca se vira nada semelhante à Nimbus 1000. Com velocidade até cento sessenta quilômetros por hora, capaz de fazer um giro de 360 graus em torno de um ponto fixo no ar, a Nimbus combinava a confiabilidade da velha Oakshaft 79 com a facilidade de manejo da melhor Cleansweep. A Nimbus tornou-se imediatamente a vassoura preferida pelos times profissionais de Quadribol em toda Europa, e os modelos subseqüentes (1001, 1500 e 1700) têm mantido a companhia no primeiro lugar do mercado.
A Twigger 90, lançada em 1990, destinava-se, segundo seus fabricantes, Flyte e Barker, a substituir a Nimbus na liderança do mercado. No entanto, embora essa vassoura tivesse um acabamento requintado e incluísse vários recursos tais como um aviso sonoro e correção automática de rumo, descobriu-se que a Twigger empenava em alta velocidade, e ela acabou ganhando a má reputação de ser voada por bruxos que possuíam mais galeões do que bom senso.
O Quadribol hoje
Quadribol continua a emocionar e a obcecar seus muitos fãs no mundo inteiro. Hoje, O todo torcedor que compra entrada para uma partida de Quadribol tem a garantia de assistir a uma competição sofisticada entre pilotos altamente qualificados (a não ser, é claro, que o pomo seja capturado nos primeiros cinco minutos da partida, caso em que todos se sentem enganados). Nada comprova melhor nossa afirmação do que os movimentos complicados que foram inventados durante a longa história do esporte por bruxos e bruxas ansiosos por levar o jogo e eles mesmos o mais longe possível.
Descrevemos alguns desses movimentos a seguir:
Bludger Backbeat (Rebate Falso)
Uma jogada em que o batedor gira o bastão e rebate o balaço para trás em vez de para frente. É difícil executá- la com precisão, mas a manobra é excelente para confundir os adversários.
Dopplebeater Defence (Dupla Defesa de Batedores)
Os dois batedores rebatem o balaço ao mesmo tempo para lhe imprimir maior impulso, produzindo um contra-ataque de grande impacto.
Double Eight Loop (Defesa de Oito Duplo)
Defesa de goleiro, em geras usada contra o jogador que cobra uma penalidade, na qual o goleiro contorna os três aros do gol em alta velocidade para bloquear a goles.
Hawkshead Attacking Formation (Formação de Ataque Cabeça-de-Falcão) Os artilheiros formam um V e voam juntos em direção às balizas. Esta formação intimida fortemente o time adversário a força os outros jogadores a se afastarem para os lados.
Parkin's Pincer (Pinça de Parkin)
Recebe esse nome em homenagem à equipe original do Vagamundos de Wigtown, ao qual é atribuída a invenção desse movimento. Dois artilheiros assediam o artilheiro adversário, um de cada lado, enquanto um terceiro voa de frente diretamente contra ele ou ela.
Plumpton Pass (Passe de Plumpton)
Movimento de apanhador: uma guinada aparentemente displicente em que recolhe o pomo para dentro da manga. Seu nome é uma homenagem a Rodrigo Plumpton, apanhador do Tornado de Tutashill, que empregou tal movimento em sua famosa captura recorde do pomo em 1921. Embora alguns críticos digam que o movimento foi acidental, Plumpton afirmou até o dia de sua morte que agiu intencionalmente.
Porskoff Ploy (Ardil de Porskoff)
O artilheiro de posse da goles voa para o alto, levando os artilheiros adversários a acreditarem que ele está tentando se livrar deles para marcar, e então atira a goles para outro rtilheiro do seu time que já está à sua espera para agarrá-la. É essencial uma perfeita sincronia de tempo. O nome da manobra é uma homenagem à artilheira russa Petrova Porskoff.
Reverse Pass (Passe Revés)
Um artilheiro lança a goles por cima do ombro para um companheiro de time. É difícil acertar.
Sloth Roll (Giro da Preguiça)
O jogador se pendura por baixo da vassoura, agarrando-se firmemente ao cabo com os pés e as mãos, para evitar um balaço.
Starfish and Stick (Pêndulo Estrela-do-Mar)
Defesa de goleiro em que ele segura a vassoura horizontalmente com uma da mãos, prende o pé no cabo e estica o braço e pernas (veja Fig. G). A Estrela-do-Mar jamais deve ser tentada sem uma vassoura.
Transilvanian Tackle (Faz que Vai da Transilvânia)
Observado pela primeira vez na Copa Mundial de 1473, é a simulação de um soco direto no nariz. Desde que não haja contato o movimento não é ilegal, embora seja difícil evitá- lo quando os dois voadores estão voando em alta velocidade.
Woollongong Shimmy
Aperfeiçoado pelos Guerreiros Woollongong da Austrália, esse shimmy é um movimento de ziguezague em alta velocidade, feito com intenção de desmontar o artilheiro adversário de sua vassoura.
Wronski Feint (Finta de Wronski)
O apanhador dispara em direção ao solo fingindo Ter avistado o pomo lá embaixo, mas se recupera do mergulho antes de atingir o campo. O movimento visa a obrigar o apanhador adversário a imitá- lo e colidir com o chão. Seu nome é uma homenagem ao apanh